Janira Hopffer Almada considera-se abençoada e assevera que detrás de um advogado ou político existe um ser humano (c/áudio)

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Janira Hopffer Almada considera-se abençoada e assevera que detrás de um advogado ou político existe um ser humano (c/áudio)
02/08/25 - 04:15 am

*** Por Sandra Custódio, da Agência Inforpress***

Cidade da Praia, 02 Ago (Inforpress) - Janira Hopffer Almada vive agarrada aos princípios e valores transmitidos pelos pais, dos quais não abre mão, define-se uma mulher de convicções fortes e abençoada, asseverando que detrás de um advogado ou um político existe um ser humano.

O encontro para esta entrevista/perfil para mostrar o outro lado de Janira Isabel Fonseca Hopffer Almada, de seu nome completo, aconteceu nos Escritórios D. Hopffer Almada & Associados, onde trabalha e de forma descontraída falou um pouco sobre si e do seu percurso de vida.

A menina que nasceu a 27 de Setembro de 1978, no Hospital Agostinho Neto, na cidade da Praia, vai fazer 47 anos, cresceu no Monte Agarro, ao pé do Liceu Domingos Ramos, onde os seus pais moravam naquela altura.

Lá passou os primeiros anos da sua vida, até os 6/7 anos, quando foram morar no Meio da Achada, zona onde os progenitores construíram casa própria.

Formou-se em Direito, tem grande dedicação e admiração pelos pais, que conforme sublinhou, sempre lhe mostraram valores e princípios, isto é, o valor da dignidade, honestidade, seriedade e do conhecimento.

“Mostraram que o mais sólido caminho para o sucesso e realização é ter conhecimentos, estudar, aprofundar, analisar, dedicar-se, empenhar-se. E quando penso na minha vida, na minha infância, adolescência, juventude com os meus pais, o que me vem à cabeça, primeiramente, são os valores e princípios que me transmitiram”, enfatizou.

Quanto à sua infância disse que brincou muito, era uma criança reguila, traquinas, e foi feliz porque encontrou “muito amor” em casa, atenção e dedicação dos pais que sempre priorizaram os filhos.

“Sinto que sou muito abençoada e dou graças a Deus todos os dias por isso. Há gente que diz que é sorte, eu digo que é bênção”, manifestou, recordando histórias interessantes da sua meninice.

“Era muito reguila e traquinas. A minha mãe conta que quando eu tinha, por aí uns 5 anos, ia à praça em frente à igreja, no Platô, chegava e dizia: ‘djan ben, cuidado ku mi’ (cheguei, cuidado comigo, em português), mas eu não tenho tanta essa memória. Ou seja, desde pequena sempre tive uma personalidade e convicções muito fortes”, contou entre gargalhadas, observando que este é um traço que lhe acompanha.

Outra história que também acha engraçada, é quando ainda naquela idade, saía com a mãe, cumprimentava e perguntava às amigas da idade da sua mãe, se lá em casa estava tudo bem, mandando cumprimentos à família.

“Então, as amigas da minha mãe achavam aquilo estranhíssimo, engraçadíssimo. Acho que fui uma criança e uma adolescente feliz, tive também uma juventude interessante porque fiz tudo aquilo que uma jovem gostaria de fazer e com resultados. Hoje, considero-me uma pessoa sobretudo abençoada. Ligo essa felicidade às bênçãos que eu tenho tido na minha vida”, exteriorizou.

Embalada nas suas memórias, Janira Hopffer Almada recorda Coimbra com paixão, cidade onde estudou na Faculdade de Direito, pois os tempos lá vividos, conforme contemplou, proporcionaram-lhe momentos “muito importantes” da sua vida e “grande crescimento”. 

Por outro lado, a paixão por aquela cidade historicamente reconhecida como uma cidade universitária, está igualmente ligada à tradição familiar, pois o pai, David Hopffer Almada, estudou lá, fez direito na mesma faculdade que ela, a mãe, Ana Maria Fonseca e os irmãos mais velhos estudaram todos naquela cidade de ruas estreitas, pátios, escadinhas e arcos medievais.

“Coimbra é uma cidade acolhedora, fez-me sentir em casa. E a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, uma grande faculdade, permitiu-me conhecimentos muito sólidos, que eu vejo hoje na prática, no exercício da minha profissão enquanto advogada”, manifestou.

Janira, que desde pequena quis ser advogada, disse que agora, “mais do que nunca”, tem uma “grande gratidão” por ter escolhido essa formação e optado por exercer a advocacia.

Conta que, contrariamente ao que muita gente pensa, escolheu fazer direito por vontade, de forma consciente e voluntária, e não por influência do pai, embora a admiração que tem por ele possa ter influenciado, conservando os valores e princípios cultivados.

A título de exemplo, mostrou que há certa natureza de processos que os escritórios D. Hopffer Almada & Associados não aceitam, independentemente dos potenciais valores honorários envolvidos, e isso foi uma opção antiga do seu pai, nos mais de 34 anos de existência dos escritórios.

“Defendemos que todos têm direito à defesa, mas defendemos também que todos têm direito à sua consciência. Daí que há naturezas de processos que nós não assumimos, independentemente dos potenciais valores honorários envolvidos, tendo em conta a seriedade e honestidade intelectual”, salientou.

“Tenho as minhas opções (…) e essas minhas opções são assumidas de forma muito convicta, respeitando as opções dos outros, mas não abrindo mão das minhas. Eu acho que a minha convicção é confundida, com devido respeito, com arrogância”, concretizou. 

Casada em segundas núpcias, há três anos, com Suzano Inocêncio Gomes, Janira Hopffer Almada tem uma filha de 12 anos, a Ana Carolina, fruto do primeiro casamento, que diz ser sua companheira mesmo antes de nascer, porque quando foi mãe, recordou, estava no Governo, e a Ana Carolina, ainda na barriga, deixou-lhe trabalhar até o último dia.

“Mais uma vez fui abençoada, porque fui mãe. Eu estava no Governo e tive uma licença de parto de dez dias. A minha Ana Carolina que já tem neste momento 12 anos, vai fazer 13, sempre foi muito a minha companheira, mesmo antes de nascer. Deixou-me trabalhar até o último dia”, recordou.

Conta que estava no Conselho de Concertação Social, cuja reunião prolongou-se até cerca das 22:00 do dia 12 de Novembro de 2012, e Ana Carolina nasceu no dia seguinte, às 08:24.

“Agradeço a Deus porque acho que fui abençoada desde o meu nascimento, pelos pais que eu tive, pelo amor que me transmitiram, pela forma como me educaram, e eu fui muito abençoada com a minha filha Ana Carolina. A Ana Carolina é o amor mais profundo e completo que já pude sentir”, exteriorizou Janira Hopffer Almada, que não usufrui muito da vida social, devido à sua muita actividade profissional, vida política e familiar, como referiu.

“O tempo escasseia. E o tempo que eu tenho é dedicado à minha filha, ao meu marido e à família”, relatou, referindo, entretanto, que gosta de se divertir, não tanto como gostaria, mas de vez em quando participa em convívios, realiza jantares e almoços para celebrar datas típicas, especiais como aniversários, Natal, Páscoa, Cinza, em sua casa.

Contrariamente ao que as pessoas podem pensar, ela sabe e adora cozinhar, confecciona vários pratos, desde cachupa, feijoada, cabrito, arroz de polvo, lagosta suada, bacalhau, xerém, ‘trotchida’ de feijão verde (um prato nutritivo da culinária cabo-verdiana) entre muitos outros.

“Convivo muito desta forma. Com amigos, gostaria de estar mais do que aquilo que consigo estar, infelizmente não tenho conseguido. Eventualmente, tenho de aprender a gerir o tempo. Mas eu gosto de uma boa convivência e adoro dançar. Eu não saio muito, mas quando saio, gosto de dançar e ouvir boa música”, narrou.

Quanto a mágoas e decepções, ao recordar-se de alguns episódios disse, entretanto, que fez uma opção na sua vida, isto é, se concentrar naquilo que é bom e positivo e usar as experiências menos boas como aprendizagem.

“Eu sou o resultado de tudo o que passei de bom e menos bom. Tive muitas desilusões, mas tive também muitas bênçãos. E optei por me focar nas bênçãos”, concluiu Janira Hopffer Almada, para quem a frontalidade tem um preço alto, as pessoas não lhe conhecem verdadeiramente e muitas vezes criam uma imagem que não corresponde à sua figura.

SC/CP

Inforpress/Fim

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