
São Filipe, 21 Set (Inforpress) – A cidade de São Filipe conta com uma casa de acolhimento das vítimas da violência baseada no género (VBG) com capacidade para acolher oito vítimas para um período máximo de seis meses, disse Marisa Carvalho.
A presidente do Instituto Cabo-verdiano da Igualdade e Equidade do Género (ICIEG) indicou que a casa de acolhimento das vítimas de VBG é o resultado de um protocolo tripartido celebrado sexta-feira, 20, entre a Câmara de São Filipe, ICIEG e Asde e o espaço foi batizado como casa de acolhimento Mamma Pina.
A abertura da casa de acolhimento, que é diferente da casa de abrigo das vítimas, segundo Marisa Carvalho, é um projecto da organização não-governamental (ONG) espanhola Fundación Religiosos para la Salud (FRS) que vai trabalhar esta temática.
A abertura da casa de acolhimento das vítimas de VBG aconteceu à margem do encerramento da formação “capacitação técnica das diferentes instituições que trabalham directamente com os casos de VBG na ilha do Fogo”, enquadrado no projecto "melhorar acesso aos recursos e cuidados de qualidade para mulheres e meninas vítimas de VBG no Fogo, Santo Antão e Santiago, implementado pela Fundación Religiosos para la Salud (FRS), Irmãos Capuchinhos de Cabo Verde e Cáritas Porto Novo, em parceria com o ICIEG.
Para a presidente do ICIEG a formação permitiu a uniformização do conhecimento, dos procedimentos e da articulação em prol da luta contra a VBG e sublinhou que a instituição que preside tem a prerrogativa de implementar a lei contra a violência de género.
“O combate à violência baseada no género e os desafios são nacionais, mas cada município tem particularidades distintas, e no Fogo a normalização de alguns comportamentos, principalmente a normalização da violência e a resistência à denúncia, tem permitido que algumas práticas tóxicas e pouco saudáveis continuem presentes na sociedade”, disse Marisa Carvalho.
Segundo a mesma, os formandos têm agora uma responsabilidade acrescida para evitar que algumas práticas, que continuam a ser normalizadas por grande parte da sociedade desta ilha, persistem e originam “relações tóxicas e domínio do poder” que muitas vezes permitem a escalada de situações que acabam da pior forma possível.
Marisa Carvalho exortou aos 65 técnicos de diferentes instituições que lidam com atendimento das vítimas de VBG para evitar a “normalização de situações de violência e não perpetuem estereótipos de género que contribuem para essas relações tóxicas”
A presidente do ICIEG destacou a necessidade de trabalhar na prevenção para que não se chegue a situações extremas para agir.
A vereadora da Câmara de São Filipe responsável pela área social , Vanilda Correia, destacou que a questão da violência de género é um compromisso de todos .
A autaarca acredita que a abertura e funcionamento da casa de acolhimento das vítimas da VBG e a formação dos técnicos são elementos muito importantes para continuar o trabalho de prevenção e de erradicação do problema da violência de género em São Filipe, que é um dos municípios que tem registado casos significativos deste fenómeno.
A vereadora destacou o trabalho da câmara, dos vários parceiros e do próprio governo na criação das condições para a consciencialização das pessoas e debelar o problema que não passa só pela formação.
“Acredito muito na consciencialização dos meninos e das meninas, uma fase precoce, no sentido de prevenir e erradicar este fenómeno”, disse a vereadora, para quem só assim se prepara a sociedade para não aceitar ou tomar como certa a questão da violência de género.
A vereadora avançou ainda que a edilidade de São Filipe está aberta para colaborar com todos os parceiros para continuar o trabalho de sensibilização e criar as condições para que os técnicos que trabalham, directa ou indirectamente no acompanhamento e orientação das vítimas, tenham as condições necessárias para que se possa erradicar a violência de género em São Filipe.
JR/JMV
Inforpress/Fim
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