Coordenadora das Nações Unidas defende investimento financeiro para se ter dados de qualidade

Cidade da Praia, 18 Mar (Inforpress) - A coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas (SNU) em Cabo Verde, Patrícia Souza, defendeu hoje que o investimento financeiro é a melhor opção para se ter dados de qualidade e melhorar as políticas de desenvolvimento sustentável do país.

Durante a sua intervenção na abertura da conferência nacional sobre “A iniciativa global desbloqueando o poder de dados e a carta de dados inclusivos”, a decorrer na Praia, hoje e terça-feira, a diplomata sublinhou que quanto mais o país investir nos dados vai poupar mais em outras áreas.

Segundo disse, as evidências recentes mostram que há um retorno médio de 32 dólares por cada dólar investido no reforço aos ecossistemas de dados em países de rendimento baixo e média.

“Portanto, o investimento financeiro, o aporte financeiro a dados é não só a coisa certa a fazer, a atitude certa a ser tomada para termos dados de qualidade e melhorarmos as políticas de desenvolvimento sustentável, como também é a melhor opção do ponto de vista económico”, precisou.

Por isso, Patrícia Souza sublinhou que acelerar o ritmo do desenvolvimento sustentável exige enfrentar o desafio crítico do investimento insuficiente na produção de dados, tendo realçado que para se ter dados de qualidade e em tempo oportuno, serão necessários investimentos no ecossistema de dados.

“Atenção particular deve ser dada à governança do ecossistema de dados para potenciar as sinergias e complementaridades entre os diferentes actores, para o melhor aproveitamento das oportunidades e o desenvolvimento de acções concretas para desbloquear o dividendo de dados e impulsionar a implementação do PEDS [Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável] no país”, afirmou.

Para a coordenadora do SNU o lançamento da iniciativa, o poder dos dados e o plano de açcão da Carta de Dados Inclusivos em Cabo Verde é um “momento marcante e crucial” no compromisso do país em tirar proveito do poder dos dados para o desenvolvimento sustentável e inclusivo, e assim alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

A este propósito, realçou que os dados têm se tornado cada vez mais importantes em áreas diversas no país e no mundo, com maior destaque na economia, saúde, educação, protecção social, meio ambiente e outras.

Por isso, alertou para a necessidade de se estar atento, sendo que hoje em dia existe uma sede de informações muitas delas falsas e os dados não fiáveis levam a notícias falsas que, por sua vez, levam a discursos de ódio, como tem acontecido em muitas partes do mundo.

Na ocasião, lembrou que a Carta de Dados Inclusivos tem cinco princípios: o primeiro diz que todas as populações devem ser incluídas nos dados, o segundo aponta que todos os dados devem, sempre que possível, ser desagregados e o terceiro afirma que os dados devem ser extraídos de todas as fontes disponíveis.

O quarto princípio diz que os responsáveis pela recolha de dados e produção de estatísticas devem ser responsabilizados e o quinto sublinha que a capacidade humana e técnica рaгa recolher, analisar e utilizar dados desagregados deve ser reforçada através do financiamento adequado e sustentável em ecossistema os dados.

Patrícia de Souza reiterou a total disponibilidade, o engajamento e o apoio das Nações Unidas na operacionalização do plano de acção que será adoptado durante o encontro de dois dias.

A conferência foi promovida pelo Conselho Nacional de Estatística (CNEst), em parceria com a delegação da GPSDD, de Nova York, ligada às iniciativas globais de aceleração dos ODS.

AV/CP

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