Cidade da Praia, 31 Mai (Inforpress) - O jovem Carlos Correia relatou hoje que começou a fumar ainda na adolescência, com 16 anos, quando alimentava o sonho de se tornar um grande jogador de futebol, uma vontade que viu ser destruída pelo fumo.
Natural da zona de Vila Nova, na cidade da Praia, Carlos Correia, livre do tabaco há vários anos, avançou à Inforpress, à margem do acto central no âmbito do Dia Mundial Sem Tabaco, realizado hoje na Assembleia Nacional, que ainda com 30 anos estava mergulhado no vício do cigarro, que o acompanhou até ao dia em que se levantou e decidiu mudar o rumo da sua vida.
Conforme contou, tinha o sonho de ser um jogador de futebol, mas por causa do uso do tabaco, aliado às bebidas alcoólicas, teve de desistir de boa parte dos sonhos devido aos efeitos físicos e psicológicos nefastos.
Disse que em 2017, mesmo após vários anos livre da nicotina, percebeu que ainda convive com os efeitos da substância no organismo, quando os médicos questionaram, durante uma consulta, se ainda mantinha o consumo activo da substância.
“Sou de Vila Nova, trabalho em Safende como guarda noturno, mas o meu trabalho é com as crianças no Espaço Aberto. Em Cabo Verde, onde vamos encontramos tabaco, por isso precisamos de mais fiscalização, não apenas de lei. Estamos a perder os jovens” alertou, sublinhando que encontrou o tabaco em casa na companhia do pai
“Quando começas a usar, não tens o conhecimento do que pode vir a causar mais tarde. A única coisa que sempre falo aos jovens é para não experimentarem essas substâncias. Hoje sou treinador de futebol e tento sempre passar essa mensagem “, realçou.
A psicóloga clínica Christie Wahnon salientou que o uso do tabaco pode levar a casos de depressão, ansiedade e também é uma referência bilateral, ou seja, um adolescente na fase depressiva pode optar pelo uso de tabaco como escape.
Christie Wahnon recomendou trabalhar na prevenção e psico socialização, ou seja, na conscientização dos jovens do perigo do uso do tabaco e levá-los a perceberem sobre a importância de escolher um estilo de vida saudável.
“É extremamente importante ter um profissional de saúde mental nas escolas que fazem esse trabalho são só de prevenção como de acompanhamento terapêutico para adolescentes que utilizam o tabaco, para terem a noção dos perigos porque a fase da adolescente é uma fase exposta a influência” explicou.
“Os adolescentes começam a fumar o tabaco pela influência de pares, o que quer dizer que tiveram a influência de um amigo, o que acabam por estar mais expostos a fumar” continuou referindo que a maioria das escolas já têm psicólogos.
Presente no evento, o representante internacional do escritório da Organisão Mundial da Saúde (OMS) em Cabo Verde, Daniel Kertesz, reconheceu os desafios colocados pela indústria do tabaco para “frustar os esforços” na luta antitabágica, evidenciando que o tema escolhido este ano visa mobilizar esforços internacionais para amparar os jovens deste produto nocivo e das suas estratégica enganosas.
“Através deste tema (…) um apelo aos governos para que adoptem políticas que protejam os jovens. Vários são as formas de se chegar aos jovens, através de publicidade, das artes, do desporto e dos diferentes meios de comunicação social” pontuou, reiterando os efeitos nocivos do uso do tabaco na adolescência.
A OMS, realçou, apela para que os Governos implementem de forma exaustiva a Convenção do Quadro da OMS para o Controlo do Tabaco, esclarecendo que a convenção é um instrumento baseado em evidências que alimenta os países a combater este mal social.
O Dia Mundial Sem Tabaco foi criada pelos Estados-membros da OMS com o objetivo de chamar a atenção para a epidemia do tabaco e para as mortes que causa, informando o público sobre os perigos do seu uso, as estratégias da indústria do tabaco e as ações para o controlo do tabagismo.
LT/AA
Inforpress/Fim
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