
Sal Rei, 28 Dez (Inforpress) – O grupo de teatro Alcateia Teen Wolf Family estreou no sábado, em Sal Rei, a peça "R&J", uma adaptação contemporânea do clássico de Shakespeare, que emocionou o público ao abordar temas como a homoafetividade, deficiência e violência sexual.
A peça é resultado de uma preparação de cinco meses no âmbito de um programa conjunto entre o BA Cultura e a Associação Triângulo da Praia, resultante da cooperação entre Cabo Verde e Espanha.
Em declarações à Inforpress após a estreia, a encenadora e responsável pelo grupo, Grécia Freitas fez um balanço "muito positivo" e destacou a entrega do elenco, composto maioritariamente por jovens que se estrearam nos palcos.
“O sentimento é de muita gratidão e felicidade (…) porque toda a equipa trabalhou em prol de um bem comum”, afirmou a encenadora.
Grécia Freitas disse ainda que as protagonistas superaram todas as expectativas, conseguindo enfrentar os medos e dar cenas “limpas e incríveis que fizeram as pessoas na plateia chorar”, destacando que o público boavistense "abraçou a causa" e mesmo sendo uma peça de longa duração permaneceram atentos até ao desfecho.
O papel principal foi interpretado por Evelyn Estrela, que deu vida à protagonista "Romeia", envolvida num relacionamento homoafetivo com uma Julieta cega, interpretada por Estrela Oliveira.
Segundo as jovens atrizes, a complexidade das personagens foi o maior desafio,
Estrela Oliveira destacou a dificuldade em gerir a amizade real com a colega e construir a intimidade do casal em cena, enquanto Evelyn Estrela levou ao palco uma das cenas mais fortes da noite que foi a representação de violação.
"Quiseram eliminar a cena, mas insisti nessa para mostrar à sociedade o que a comunidade LGBT passa. Não é um mar de rosas," afirmou Evelyn, confessando que chorou muito no camarim, e que foi um grande peso e responsabilidade a sua primeira vez como protagonista.
A opinião foi partilhada pelo estreante Hugo Fortes, que interpretou a personagem Kuni, coadjuvante de Romeia, afirmando que a experiência demonstrou que "o teatro é algo bem mais difícil do que parece” tendo em conta as cenas que fez, mas agradeceu a oportunidade.
Do lado do público, as reações foram de surpresa e elogio, Dora Pires destacou a "entrega e atuação marcante" das atrizes principais, enquanto Joel Andrade classificou a abordagem como "fora da caixa" e uma "leitura ousada" necessária para a sociedade atual.
O grupo Alcateia planeia agora um período de descanso e o próximo passo, segundo a encenadora, será levar a peça ao Centro Cultural do Mindelo, em São Vicente, em Julho de 2026, estando também em aberto uma possível reposição na Boa Vista em Março, mês do teatro.
MGL/AA
Inforpress/Fim
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