Associação de Medicina Tradicional apela à regulamentação urgente do sector em Cabo Verde

Cidade da Praia, 15 Nov (Inforpress) –  A presidente da Associação Cabo-verdiana de Medicina Tradicional Africana e Práticas Complementares alertou para a inexistência de um regulamento que continua a ser o “maior desafio” e apelou ao engajamento político para uma coordenação eficaz no sector.

Sílvia Ramos falava aos jornalistas à margem do encontro sobre a medicina tradicional em Cabo Verde, que decorre hoje na Presidência da República, sob o tema “A Medicina Tradicional e Complementar no Sistema de Saúde Cabo-verdiano”.

Segundo explicou, a iniciativa, organizada pela Associação Cabo-verdiana de Medicina Tradicional Africana e Práticas Complementares (MeTrA-PraC) com o alto patrocínio da Presidência da República, pretende trazer ao debate nacional a importância da medicina tradicional e discutir formas de integrá-la no Sistema Nacional de Saúde.

No entanto, considerou que Cabo Verde tem avançado “de forma tímida”, sendo a ausência de regulamentação o principal entrave.

“Apelamos para que haja regras, regulamentação adequada, porque nós estamos a trabalhar sobre a saúde das pessoas então, temos que ter segurança e qualidade quando se trata desse assunto”, reforçou.

Recordou ainda que, durante a vigência do antigo ministro da Saúde Arlindo do Rosário foi criado um gabinete de medicina tradicional que reunia várias instituições interessadas na matéria, permitindo “avanços significativos”.

Contudo, acrescentou, com as mudanças ocorridas no ministério, esse trabalho “perdeu impulso”, levando a retrocessos, ou seja, deram dois passos para a frente e retrocederam três passos para trás. 

Aquela presidente lamentou que terapeutas e outros profissionais que desejam actuar na área não possam avançar por falta de legislação que enquadre e autorize a sua prática.

Para Sílvia Ramos, o país precisa de “mais vontade política e maior coordenação” para garantir a continuidade das iniciativas já iniciadas.

Aquela responsável destacou que a medicina tradicional faz parte da identidade cultural cabo-verdiana e que a Organização Mundial da Saúde (OMS) como a Organização Oeste Africana incentivam os estados-membros a promover, valorizar, resgatar e introduzir estas práticas nos respectivos sistemas de saúde.

O encontro MeTrA-PraC reuniu especialistas e representantes de diferentes instituições para analisar o trabalho já desenvolvido e identificar caminhos para integrar a medicina tradicional no Sistema Nacional de Saúde.

“Enquanto associação, queremos promover este debate e reunir instituições e sociedade civil para encontrarmos, juntos, soluções que permitam a integração efectiva da medicina tradicional no sistema de saúde do país”, concluiu.

A cerimónia de abertura foi presidida pelo Presidente da República, José Maria Neves

AV/ZS

Inforpress/Fim