
São Miguel, 6 Nov (Inforpress) - Os deputados do PAICV de Santiago Norte denunciaram hoje o “estado de abandono” em que se encontra o sector agrícola na região, apontando a falta de assistência técnica, escassez de água e o avanço de pragas como os principais desafios.
Em declarações à imprensa, à margem de uma visita de campo realizada pela Comissão Política Regional (CPR) do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), no âmbito da preparação para o próximo debate parlamentar com o ministro da Agricultura, a porta-voz, Carla Carvalho, disse que a situação “é preocupante” e exige uma resposta urgente das autoridades competentes.
Segundo a parlamentar, agricultores de várias localidades, sobretudo na zona Norte de São Miguel, enfrentam graves prejuízos devido à “praga de macacos e galinhas-do-mato”, que têm devastado plantações e comprometido a produção agrícola.
“As famílias ficam sem rendimento, sem alimentos para as suas mesas, e não se vê um posicionamento concreto do Ministério da Agricultura para resolver este problema”, lamentou.
A deputada denunciou igualmente o “estado degradante” em que se encontram algumas delegações municipais da Agricultura, nomeadamente a de São Miguel, que, segundo disse, refletem o abandono do próprio sector.
“Os agricultores e camponeses estão sem assistência técnica, sem apoio nem presença das autoridades da área. O sector está entregue ao abandono”, frisou.
Outro problema identificado pelos parlamentares é a escassez de água, que afecta diversas comunidades há vários meses, sublinhando que há localidades que estão há mais de seis meses sem uma gota de água na torneira.
Carla Carvalho criticou ainda o Governo por ter, segundo ela, “redimensionado” o projecto JICA inicialmente pensado para resolver os problemas de abastecimento de água na ilha de Santiago reduzindo a sua abrangência e impacto.
“Passaram-se quase dez anos e o problema continua. O Governo prometeu transformar Santiago Norte num pólo agropecuário, mas o que se vê é abandono e falta de investimento”, sustentou.
Para a deputada, o Orçamento de Estado para 2026 “não demonstra qualquer prioridade” para o sector agrícola e evidencia “um Governo em fim de linha”.
DV/JMV
Inforpress/Fim
Partilhar