
Barcelona, Espanha, 30 Set  (Inforpress) - O ministro da Cultura de Cabo Verde, Augusto Veiga, disse hoje que o futuro da economia do país passa pelas indústrias criativas e realçou o potencial da cultura no multilateralismo e na "união entre os povos".
"Acreditamos fortemente que as indústrias criativas podem ser o futuro a nível da economia de Cabo Verde", disse o ministro, que falava à Lusa em Barcelona, Espanha, à margem da conferência da UNESCO (a agência das Nações Unidas para a Educação e Cultura) sobre políticas culturais e desenvolvimento sustentável (MONDIACULT 2025), que junta delegações de 160 países até quarta-feira.
Augusto Veiga disse que um dos objetivos que levam Cabo Verde a participar nesta conferência é a promoção das indústrias criativas, com o país a apresentar à rede da UNESCO, a países parceiros e potenciais novos sócios em projetos culturais os passos que estão a ser dados "para ter realmente esse impacto das indústrias criativas a nível da economia".
"Não só da economia cultural, mas da economia do país", sublinhou o ministro, que acrescentou que as indústrias criativas são transversais e, mesmo dentro do setor do turismo, o mais importante na economia cabo-verdiana, há cada vez mais peso do turismo cultural.
Cabo Verde procura também na MONDICAULT 2025 parceiros para conseguir concretizar diversos projetos, com Augusto Veiga a revelar que "já há contactos exploratórios muito avançados com vários países", iniciados antes do encontro de Barcelona, nomeadamente, a nível da “cooperação sul-sul”, com Angola ou com Marrocos, por exemplo. Mas também com países de outros continentes, como Espanha, com quem existe "uma cooperação muito forte a nível do património" que "está a avançar para outras áreas", como a arqueologia subaquática.
Nos três dias de MONDIACULT, e depois dos danos provocados pela tempestade tropical Erin em Cabo Verde, em agosto, a delegação cabo-verdiana fez ainda contactos para procurar "soluções para a questão do impacto climático na cultura" e tentar criar "um diálogo" que alerte as sociedades e a comunidade internacional para os efeitos do clima no património e criação cultural.
A MONDIACULT 2025 é a maior conferência mundial na área das políticas culturais e pretende nesta edição reafirmar a cultura como motor de desenvolvimento sustentável e do diálogo internacional, assim como o papel que deve ter na resposta a crises, trabalhando para a incluir, com um objetivo próprio, nas metas da agenda das Nações Unidas pós-2030.
"Acreditamos realmente naquilo que está a ser debatido aqui e acreditamos que podemos dar o nosso contributo porque no nosso país a cultura e as indústrias criativas são transversais", disse Augusto Veiga à Lusa, insistindo em que no caso de Cabo Verde "a cultura e as indústrias criativas são intrínsecas, estão na forma de ser".
O ministro acrescentou que provavelmente a cultura será também o tema principal da próxima conferência da ONU sobre as alterações climáticas (COP30), que se realiza em novembro no Brasil.
"Porque no mundo que nós estamos neste momento a atravessar, com muitas guerras, com muitas crises, com o aumento da extrema-direita em vários países, principalmente a nível da Europa, a melhor forma de combater realmente é a cultura, a união entre os povos. E nós comungamos desses princípios", afirmou.
Na segunda-feira, no arranque da MONDIACULT 2025, a UNESCO apresentou o primeiro relatório global sobre políticas culturais, segundo o qual a cultura gera 3,39% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e 3,55% do emprego.
Em paralelo, só 9% dos artistas em todo o mundo consideram que os seus direitos económicos e sociais estão protegidos, segundo o relatório.
A este propósito, o ministro da Cultura de Cabo Verde disse que o setor tem "um peso forte" na economia nacional, mas não existem dados concretos atualizados, e lembrou que está prestes a avançar, ainda este ano, um estudo para fazer essa avaliação.
Augusto Veiga lembrou ainda várias medidas que têm sido adotadas em Cabo Verde para melhorar as condições dos artistas e, sobretudo, acabar com a informalidade no setor, como o "estatuto do artista", que está em processo de aprovação.
Inforpress/Lusa/Fim
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