Ribeira Grande, 23 de Jul (Inforpress) – O presidente da Associação Regional de Futebol de Santo Antão Norte (ARFSAN) anunciou hoje, que os clubes da região decidiram, por unanimidade, não participar na época desportiva 25/26, caso o relvado do Estádio João Serra não seja substituído.
Em declarações a imprensa, Hermes Pinto explicou que se trata de uma “decisão firme”, tomada em conjunto com os clubes, face ao estado de degradação avançada do único recinto desportivo da Região Norte, que há muito deixou de reunir condições para a prática segura do futebol.
“Desde Abril, aquando do encerramento da época 2024/2025, alertámos as autoridades para o problema. Três meses depois, nada foi feito. O estádio está igual ou pior”, afirmou.
Segundo a mesma fonte a situação do relvado já provocou várias lesões em atletas, nomeadamente problemas na coluna vertebral, e levou a que, em Maio deste ano, uma equipa da Federação Cabo-verdiana de Futebol considerasse, após vistoria, que o Estádio João Serra “não oferece condições mínimas” para a prática da modalidade.
Hermes Pinto enfatizou que a ARFSAN e os clubes exigem agora uma resposta clara por parte do Governo e das câmaras municipais da Ribeira Grande e do Paul.
“Estamos cansados de promessas. Queremos acção. Os nossos jovens merecem dignidade e condições iguais às de outras regiões do país”, frisou.
Apesar de a época estar prevista para arrancar a 01 de Outubro, Hermes Pinto afirmou que os clubes admitem adiar o início para Novembro ou Dezembro, desde que a substituição do relvado avance de imediato.
Por sua vez, o dirigente do Solpontense, Lenine Brandão, reforçou que a decisão de não disputar a próxima época é definitiva.
“O futebol da região norte de Santo Antão tem dado provas, mesmo sem igualdade de condições. Basta ver o desempenho recente do Paulense. Chegou a hora de termos um campo condizente com a nossa qualidade”, declarou.
Também Arnaldino Momone, presidente do Santo Crucifixo, denunciou o que considerou ser abandono dos clubes da Ribeira Grande.
“Há dois anos que não recebemos subsídios da câmara. Só em transportes gastamos cerca de 90 contos por mês. Se não houver condições mínimas e um novo relvado, não jogamos”, garantiu.
Esta não é a primeira vez que a Associação Regional de Futebol de Santo Antão Norte (ARFSAN) e os clubes da região ameaçam não arrancar com a época desportiva por falta de condições no Estádio João Serra.
Nos últimos anos, foram várias as ocasiões em que clubes e dirigentes denunciaram o estado precário do relvado, balizas, balneários, degradação das paredes, entre outros defeitos. Em algumas dessas vezes, a ARFSAN chegou a anunciar publicamente a possibilidade de boicote à nova época, reivindicando dignidade e igualdade de condições em relação a outras regiões do país.
Contudo, as ameaças nunca se concretizaram. Na hora da decisão final, os clubes recuaram, muitas vezes na esperança de promessas feitas por autoridades locais ou nacionais, que garantiam que a situação seria resolvida “em breve”.
Esses sucessivos recuos, apesar de compreensíveis pelo amor ao futebol e pela pressão dos atletas e das comunidades, acabaram por contribuir para a manutenção do problema.
Agora, com mais uma época em risco e a pressão a subir de tom, resta saber se esta será a vez em que a ameaça se concretiza, ou se será mais um capítulo numa história de adiamentos, promessas e desilusões.
LFS/JMV
Inforpress/Fim
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