Santa Maria, Ilha do Sal, 29 Jun (Inforpress) - A sétima edição do Festival de Literatura Mundo do Sal chegou hoje ao fim, e a organização do evento já se prepara para as próximas etapas com olhos postos na expansão e no aprimoramento do projecto.
Organizado pela Rosa de Porcelana Editora, sob a liderança de Marcia Souto e Filinto Elísio, o festival proporcionou quatro dias de “intensas actividades”, que incluíram homenagens, debates e lançamentos de livros, sempre com um olhar atento à celebração do cinquentenário das independências de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
“Temos as razões todas para expressar o nosso apreço pela vossa imensa generosidade e paciência para com este projecto que, ainda de pequenos, têm inquietação, intencionalidade, a par de propósito que faz de nós corredores de fundo e sujeitos que acreditam na cultura, como a veia e o veio da libertação, mas também da liberdade”, expressou.
Na sua intervenção, Márcia Souto destacou ainda os próximos “passos ambiciosos” do festival, como as extensões desta sétima edição que já têm data marcada para 1 de Julho, no município do Tarrafal de Santiago e a preparar para extensões em Portugal e Roma, com o formato e o conteúdo já em fase de esboço e processo.
Souto também ressaltou o anúncio do edital e regulamento do Prémio Lhana de Literatura, edição poesia, em que convidou poetas com textos inéditos a ficarem atentos e prontos para esta nova oportunidade.
Outra iniciativa de destaque é a exposição "Franz Kafka", em tributo ao 101.º aniversário do desaparecimento do autor, e com uma exposição a ser inaugurada em 18 de julho, na cidade de Praga.
Marcia Souto reconheceu o “longo percurso percorrido” para definir e realizar o modelo do festival.
Apesar do caminho já trilhado, a mensagem final é de que "pode fazer melhor" e que "há ainda muito a fazer".
Em representação dos participantes do Festival de Literatura Mundo do Sal, Luca Fazzini proferiu um discurso de despedida marcado pela gratidão e reflexão.
Fazzini ressaltou que o festival não foi apenas uma “comemoração nostálgica” do cinquentenário das independências de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, mas sim a construção de um legado.
O escritor enfatizou a importância de persistir nos projetc os de emancipação, afirmando que ainda há "páginas a serem escritas" tanto na literatura quanto nas práticas de justiça e comunidade.
Com a intervenção fez questão de homenagear os quatro poetas centrais desta edição, que foram Agostinho Neto, Aldo Espírito Santo, Noêmia de Sousa e Onésimo Silveira, cujas vozes “transformaram a língua portuguesa em um campo de batalha e de beleza”.
Fazzini também mencionou a contribuição da professora Inocência Mata e as diversas mesas de debate, que ampliaram o diálogo sobre temas como convivialidade literária, as literaturas africanas e a poética das ilhas.
Para finalizar, Luca Fazzini reforçou a ideia de que o festival cultivou a criação de comunidade e a fraternidade global e lembrou que a celebração das independências deve ser vista como uma "promessa inacabada" e um incentivo à cidadania ativa.
NA/JMV
Inforpress/Fim
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