Cidade da Praia, 24 Jun (Inforpress) - A Fundação Doenças do Movimento em Cabo Verde apresentou hoje os resultados do primeiro estudo epidemiológico nacional sobre doenças do movimento (DM), revelando que essas patologias neurológicas são um desafio emergente de saúde pública no país.
De acordo com os estudos, metade dos cabo-verdianos com Doenças do Movimento (DM) enfrenta dificuldades no acesso a medicamentos e terapias.
Realizado entre Julho e Dezembro de 2024, o estudo envolveu 110 adultos com diagnóstico confirmado, dos quais 54% são do sexo masculino e a maioria (77%) recebeu diagnóstico após os 50 anos de idade.
Segundo a coordenadora e investigadora principal, Leida Curado Tolentino, as doenças do movimento, como Parkinson, tremor essencial e distonias, afectam não só a motricidade, mas também o bem-estar emocional, a cognição e a qualidade de vida dos pacientes.
A investigação combinou revisão de processos clínicos, entrevistas estruturadas e aplicação de questionários validados.
Entre as principais conclusões está o domínio da doença de Parkinson, representando 79% dos casos, com maior prevalência em homens acima dos 60 anos.
O estudo revelou ainda que, embora 77% dos pacientes estejam medicados, 70% enfrentam dificuldades no acesso a medicamentos, e 35% relatam barreiras no acesso a terapias especializadas.
Além disso, 61% dos participantes dependem do apoio do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) para aquisição de medicamentos, mas calcula-se que o apoio seja insuficiente para cobrir os custos.
Para a coordenadora do estudo, “estes dados devem servir de base para o planeamento de políticas públicas seleccionadas e integradas”.
A fundação recomenda acções urgentes como o reforço do diagnóstico precoce (já que 23% dos casos foram identificados antes dos 50 anos), melhor acesso a terapias e medicamentos, remoção de barreiras à importação, formação de especialistas em neurologia e actualização dos sistemas de informação em saúde.
CG\SR/JMV
Inforpress Fim
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