Cidade da Praia, 14 Mai (Inforpress)- O festival “Kontornu" encerrou a sua terceira edição no Tarrafal de Santiago, após uma semana de programação intensa com artistas de nove países, destacando-se pela formação de públicos, inclusão social e parcerias internacionais.
O evento, considerado um dos maiores festivais de dança dos países de língua portuguesa, reuniu artistas de diversas nacionalidades, com actividades que integraram workshops, espetáculos, exposições de artes plásticas e performances de rua.
Conforme uma nota remetida à Inforpress, um dos destaques do festival foi a aposta numa programação voltada para o público infantil.
De acordo com a organização do festival, esta iniciativa visou proporcionar às crianças dos bairros da cidade da Praia - muitas delas oriundas de contextos sociais e económicos desfavorecidos- condições necessárias para que as mesmas tivessem o seu primeiro contacto com a arte performativa em contextos formais e institucionais de cultura, como teatros e centros culturais.
“A programação infantil foi um eixo central da acção cultural, com implicações duradouras, apostando na formação de públicos críticos e conscientes desde infância”, refere a organização.
O evento, segundo a mesma fonte, contou com uma parceria especial da XV edição da Bienal de Dança do Ceará (Brasil), que trouxe dez espetáculos para Cabo Verde.
Segundo a organização, esta colaboração intercontinental fortaleceu a qualidade e a diversidade da programação.
Apesar do sucesso artístico e da recepção do público, o festival enfrentou dificuldades atinentes ao apoio institucional e ao financiamento.
“A terceira edição do Festival “Kontornu"operou sob um cenário profundamente precário, resultado directo da fragilidade do apoio institucional e da insuficiência orçamental”, lamentou Djam Neguim, director artístico do Festival.
Neguim apontou ainda a ausência de representantes das estruturas culturais estatais nos dias do evento e criticou o “silêncio dos organismos públicos na divulgação do festival”.
Para o director, esta ausência revela um desinteresse pelas expressões culturais, que não se enquadram num modelo comercial ou turístico.
“Há uma hierarquização clara nas práticas culturais apoiadas, onde certas expressões artísticas recebem grande visibilidade e financiamento, enquanto que outras, como a dança contemporânea, continuam marginalizadas”, sublinhou.
Para Neguim, o futuro do festival depende de um compromisso real por parte das estruturas culturais estatais, ressaltando que o apoio à cultura não é apenas uma questão de incentivo, mas também de cumprimento de um dever constitucional.
KF/LC
Inforpress/Fim
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