Tarrafal: Agricultores do Colonato dizem estar a enfrentar uma crise de água que coloca em causa a produção e o sustento familiar (c/áudio)

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Tarrafal: Agricultores do Colonato dizem estar a enfrentar uma crise de água que coloca em causa a produção e o sustento familiar (c/áudio)
17/02/25 - 04:01 pm

Tarrafal, 17 Fev (Inforpress) – O presidente da associação dos agricultores do Colonato no município do Tarrafal de Santiago denunciou hoje a situação “crítica e alarmante” que estão a enfrentar devido à falta de água por má gestão no perímetro agrícola.

João José Oliveira falava em declarações à Inforpress, destacando que a falta de recursos hídricos para a rega tem gerado uma série de problemas, incluindo a incapacidade de produzir para o próprio sustento das famílias, abastecer os mercados locais e honrar os compromissos financeiros.

Segundo este dirigente, esta situação vem se arrastando já há algum tempo e a produção nas parcelas de terreno cultivadas tem sido insuficiente, resultando num déficit de alimentos para as famílias que dependem dessa actividade económica.

“Sem água, sem produção, não há rendimento, e isso culmina em problemas sociais sérios”, lamentou o dirigente, realçando que alguns proprietários decidiram tentar fazer a produção de cana-de-açúcar por ser mais resistente à seca, mas nem todos têm tido sucesso, porque muitas parcelas já secaram também, assim como as mangueiras, papaias, entre outros.

O Colonato, segundo este líder associativo, historicamente foi a primeira propriedade agrícola estabelecida em Cabo Verde, e já abasteceu o mercado local e até exportou produtos para outras ilhas, como São Nicolau.

Com terras férteis e mão-de-obra disponível, considera que o perímetro agrícola tem grande potencial, mas a falta de água está comprometendo a sua viabilidade.

Antigamente, relembrou que os agricultores utilizavam o sistema de rega por alagamento, mas, com várias campanhas de sensibilização, foram encorajados a adoptar a rega gota-a-gota, com a promessa de que haveria mais água disponível e aumentava consideravelmente a produção.

Contudo, acusou que a situação hídrica só tem se agravado, e a disponibilidade de água para esse método está em crise, dia após dia.

Oliveira ressalta que investir na melhoria das condições para mais água aos agricultores não apenas aumentaria a produção, mas também atrairia investidores para o perímetro agrícola, garantindo qualidade e segurança alimentar.

“Uma agricultura saudável significa mais saúde, liberdade e capacidade de avanço na vida”, afirmou.

Além disso, em nome dos agricultores deste perímetro, o presidente critica o Governo ou os responsáveis pelo perímetro e pela distribuição da água, neste caso a empresa Água de Rega (AdR) em facultar um grande espaço para o Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário (INIDA) que, segundo João José, a explicação é para um campo experimental, mas que, na verdade “não é”, pois, o espaço onde têm as estufas é mais que 5 hectares e há água sempre disponível para manter o espaço verde e cuidado.

Não obstante ao INIDA, avançou que existe um investidor estrangeiro, que está a produzir plantas ornamentais no perímetro e o preço da água praticado para este é o mesmo valor cobrado aos agricultores, o que, segundo o mesmo, por lei, não pode ser.

O presidente da associação também criticou a falta de acção das autoridades competentes em relação à preservação ambiental, argumentando que o perímetro agrícola está próximo ao mar e a exploração de areia e cascalho na região compromete os poços de água e os espaços agrícolas, e mesmo sendo do conhecimento de todos, não tem tido intervenção das entidades responsáveis.

Esta situação, conforme disse, tem levado à emigração, não apenas de jovens, mas também de adultos em busca de melhores condições de vida, referindo-se que actualmente, cerca de 200 famílias dependem da agricultura no Colonato, e a continuidade dessa prática é vital para a subsistência e o desenvolvimento da comunidade local e do município.

A situação crítica dos agricultores do Colonato em Tarrafal, para este dirigente, exige uma resposta imediata das autoridades para garantir a revitalização da agricultura na região e a segurança alimentar das famílias que dela dependem.

A Inforpress contactou a AdR que se comprometeu a reagir numa outra ocasião. 

MC/ZS

Inforpress/Fim

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