
Mindelo, 18 Dez (Inforpress) – Os vereadores do PAICV (oposição) na Câmara Municipal de São Vicente consideraram hoje que um único dia de festa na Rua de Lisboa “é mais do que suficiente para celebrar a resiliência”.
Esta posição foi manifestada por António Duarte, que falava em conferência de imprensa na companhia dos demais vereadores do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).
A conferência foi realizada em frente ao polidesportivo Oeiras Norte, em Chã de Alecrim, cuja obra consta dos sucessivos orçamentos da Câmara Municipal de São Vicente, com mais de 15 anos em construção, o que, para esses autarcas, “é uma demonstração clara da falta de visão, de transparência e de priorização” de projectos para São Vicente.
“Tivemos municípios que deixaram de realizar as suas festividades, nomeadamente os festivais de Verão, e apoiaram financeiramente São Vicente. Entendemos que temos de celebrar a resiliência, mas cinco dias achamos que é exagero e completamente desproporcional. Um único dia de passagem de ano serve perfeitamente para celebrarmos a nossa resiliência”, referiu o porta-voz dos vereadores do PAICV.
Segundo a mesma fonte, o PAICV não é contra as festividades e defende que se deve celebrar de acordo com a proporção que a ilha necessita neste momento.
Aliás, lembrou, São Vicente tem um conjunto de situações que precisam de ser ultrapassadas, designadamente infra-estruturas danificadas, redes de drenagem e de esgotos e toda a estrutura de saneamento básico, que “ficou completamente comprometida”.
“Parte desse dinheiro poderia servir exactamente para priorizar essas questões”, sugeriu, acrescentando que essas festas se configuram como uma “decisão de grande impacto logístico, financeiro e social”, anunciada “num palco político, sem a mínima elegância de ser comunicada, discutida ou ponderada em sessão da câmara, fórum próprio e democrático para tal”.
“É um desrespeito grosseiro para com os órgãos municipais, para com os vereadores e, acima de tudo, para com a população de São Vicente. Um desrespeito pelo contexto de recuperação pós-tempestade que vivemos e pelas reais prioridades de que a ilha necessita”, afiançou.
Segundo António Duarte os vereadores do PAICV “demarcam-se perante a irracionalidade e a desproporcionalidade deste evento”.
Consideram "completamente desajustado, inadequado, desproporcional e inoportuno” anunciar cinco dias de festas para celebrar, quando a ilha “enfrenta ainda diversas dificuldades".
Questionado sobre o montante canalizado para estas festas, a mesma fonte disse que “não tem ideia e dificilmente terá”, porque “o presidente da câmara [Augusto Neves] tem o hábito de deixar no segredo dos deuses os custos dessas festividades”.
Sobre a justificação do presidente da câmara de que “o financiamento dessas festas não vem dos cofres municipais”, mas sim através de empresas e empresários, António Duarte respondeu:
“Essa já é a velha táctica do presidente da câmara municipal, com os velhos amigos que insistentemente anuncia quando quer argumentar o anúncio das festas”, finalizou.
CD/AA
Inforpress/Fim
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