Mindelo, 11 Fev (Inforpress) – Os proprietários de camiões organizaram hoje um buzinão à frente da Câmara Municipal de São Vicente para exigir a resolução do problema da apanha de areia e os permitir continuar a ter o seu sustento.
Conforme o camionista António Soares elucidou à imprensa, desde sexta-feira, 07, que não têm encontrado areia na zona de Lazareto, local estipulado pelas autoridades para a apanha do inerte.
Perante este cenário, reuniram-se com o vereador António Monteiro que, sob sua responsabilidade, os incentivou então a apanhar areia em “Salgadin” (Salamansa), zona considerada reserva natural.
Segundo a mesma fonte, ele mesmo seguiu o conselho, mas no sábado, 08, teve o camião apreendido pela Polícia Nacional pela apanha ilegal.
“Mesmo assim, na câmara municipal continuam a vender-nos senha para a extracção quando nem têm máquina lá em Lazareto. Então para mim isto não é uma venda, é tipo uma burla”, sustentou António Soares, para quem é urgente uma solução, porque todos têm as suas famílias e também responsabilidades.
Para já, continuou, é preciso pôr fim ao “abuso de poder” da parte da câmara municipal que pode também precisar deles nos próximos tempos.
“De Julho a Janeiro não vimos policiais atrás de nós, porque sabiam que precisam de nós para votar neles, mas bastou ganharem a câmara para a polícia aparecer”, criticou.
Em jeito de ameaça, António Soares assegurou que caso o problema não for resolvido até quarta-feira, 12, todas as viaturas deslocar-se-ão à zona de Salgadin e não querem ver a polícia a segui-los.
“Todos nós aqui temos filhos, panela, contas para pagar. A polícia que vá primeiro atrás deles, porque eles é que nos estão a roubar, a dar-nos senha sem produto. A polícia tem de ir atrás dos ladrões para depois vir atrás de gente honesta”, advertiu.
Contactado pela imprensa, o vereador do Ambiente, José Carlos da Luz, explicou que a apanha de areia tem como local estipulado a zona do Lazareto, que, assegurou, “não tem muita qualidade”, mas é a que tem servido a ilha.
A decisão da câmara municipal de tomar para si essa responsabilidade, segundo a mesma fonte, teve como causa as várias mortes que vinham acontecendo no local, mas que agora, garantiu, estão “zeradas”.
Mas, clarificou José Carlos da Luz, devido a uma avaria na máquina de extracção cedida pelo Ministério do Ambiente estão a enfrentar alguns constrangimentos, especialmente porque a situação os obriga a emprestar equipamentos em empresas privadas e que nem sempre estão disponíveis.
Entretanto, garantiu que a partir de quarta-feira, 12, deverão estar duas máquinas a fazer a extracção.
Por outro lado, apelou ao Ministério do Ambiente para rever a situação e arranjar outro local para extracção, porque em Lazareto areia já está a “desgastar-se” e “não tem qualidade” para a construção civil.
“Nós temos de resolver essa questão de areia porque São Vicente é uma ilha dinâmica em termos de construção civil e sabemos que a construção civil é o motor de desenvolvimento económico da ilha”, sustentou a mesma fonte, para quem é preciso as autoridades sentarem à mesa e impedir que as obras na ilha sejam paralisadas.
LN/HF
Inforpress/Fim
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