Mindelo, 01 Set (Inforpress) – O vereador da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) criticou a Câmara Municipal de São Vicente e o Governo de "morosidade e inércia" nas respostas aos danos das chuvas, que poderiam ser “bem melhores”, 21 dias depois do acontecido.
Em conferência de imprensa hoje, no Mindelo, António Monteiro enumerou que mesmo depois de todos esses dias, continua-se ainda com esgotos a céu aberto e centenas de pessoas com moradias “terrivelmente abaladas” e com enxurradas dentro de casa, situação que, a seu ver, poderia ser melhor.
“E não está [melhor] porque o Governo, o poder central, está a reagir de forma extremamente lenta”, considerou a mesma fonte, para quem já era tempo de ser conhecido um “posicionamento claro” do primeiro-ministro relativamente às medidas para relançar São Vicente.
Referindo-se à falta de equipamentos e de amontoados de terra que ainda continuam sem ser retirados, o vereador da UCID acusou também a câmara municipal de “inércia e morosidade”, quando o presidente disse haver 2.500 trabalhadores no terreno, que, sublinhou, “não estão a ser vistos”.
Daí, a exigência ao Governo para que coloque “o mais rápido possível” equipamentos e meios financeiros a serviço da edilidade para limpar a cidade e as zonas suburbanas e dar maior qualidade de vida aos mindelenses.
Vinte e um dias são, conforme a mesma fonte, tempo suficiente para não ter também esgotos a correr nas estradas.
“Já não é normal estarmos a colocar em perigo a saúde pública dos sanvicentinos”, disse o vereador, que confirmou terem logo no início, juntamente com vereadores do PAICV, oferecido apoio ao presidente da câmara que negou por estes não terem pelouros sob sua responsabilidade.
Em vez disso, o trabalho foi feito de “forma atabalhoada” e com esforço "demasiadamente” sobre algumas pessoas, quando “podia ser compartilhado e com uma resposta de melhor qualidade”.
António Monteiro foi questionado sobre o pacote de medidas anunciado pela Câmara Municipal de São Vicente na sexta-feira, 29, para apoiar principalmente o comércio e ressaltou que são “medidas boas”, mas tomadas de forma unilateral.
Os vereadores da oposição, de acordo com a mesma fonte, não tiveram conhecimento da decisão, nem mesmo quando na sessão camarária de quinta-feira, 28, confrontaram Augusto Neves com os problemas relatados hoje à imprensa.
“O presidente não disse um A, ficou mudo, como se fosse uma pedra, não reagiu a nenhuma questão que colocamos”, relatou, ao admitir não entender porque é que uma câmara plural não compartilhou e nem discutiu medidas dessa natureza com os outros partidos.
Se tivesse acontecido, frisou António Monteiro, os vereadores poderiam dar subsídios para que as decisões fossem “mais profundas” e ajudar ainda mais.
A tempestade de 11 de Agosto provocou nove mortos, dois desaparecidos, bairros inundados, estragos em estradas, casas, pontes e estabelecimentos comerciais, falhas no fornecimento de energia e arrastamento de viaturas e outros bens para o mar.
Na sequência, o Governo declarou situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos dois concelhos de São Nicolau.
LN/ZS
Inforpress/Fim
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