São Vicente: Augusto Neves considera que orçamento de 1,4 milhões de contos vai colmatar situações provocadas pela tempestade Erin

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São Vicente: Augusto Neves considera que orçamento de 1,4 milhões de contos vai colmatar situações provocadas pela tempestade Erin
11/11/25 - 03:11 pm

Mindelo, 11 Nov (Inforpress) – O presidente da Câmara Municipal de São Vicente considerou que o orçamento municipal de 2026, aprovado hoje na Assembleia Municipal, vai dar respostas a muitas situações provocadas pela tempestade Erin, de 11 de Agosto.

Augusto Neves falava à imprensa após a aprovação do orçamento de 1.450.000.000 escudos, com nove votos a favor do Movimento para a Democracia (MpD, poder), seis contra do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) e seis abstenções da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição).

Segundo o presidente da câmara, trata-se de um orçamento que prevê um empréstimo considerado “fundamental”, dada a necessidade de realizar investimentos urgentes, tais como a aquisição de equipamentos e outros utensílios, resolução de problemas de esgotos, habitação social, drenagem e outros trabalhos na ilha.

“Estou muito satisfeito, porque há questões importantes como a habitação social e o programa de reabilitação de casas, e são muitas casas. É um montante que, segundo os nossos cálculos feitos com alguma cautela, permite à câmara municipal assumir e melhorar consideravelmente a qualidade de vida das pessoas”, afirmou.

Augusto Neves reconheceu, no entanto, que o valor do orçamento é “um pouco alto”, mas justificou que o montante se deve ao empréstimo que a câmara vai contrair junto da banca.

Para o representante da bancada do PAICV, Adilson Graça Jesus, os eleitos municipais aprovaram um orçamento elaborado apenas por um grupo dentro da câmara municipal, que não respeitou o princípio de uma autarquia tripartida.

“Nós aprovámos um orçamento que não introduz elementos positivos na economia sanvicentina. Um orçamento que passa por cima de qualquer aspecto relacionado com a formação profissional, que não quis incluir propostas das bancadas da oposição, especialmente as nossas”, criticou.

O político afirmou ainda que o orçamento “faz tábua rasa do Plano Director Municipal (PDM)”, “propõe um empréstimo de 400 mil contos e canaliza apenas 20 mil contos para a habitação social”, privilegiando “o endividamento” e sendo “tecnicamente inválido, com irregularidades e até possíveis ilegalidades”.

Por sua vez, o representante da bancada do MpD, Rony Whanon, defendeu que se trata de um orçamento que visa desbloquear São Vicente e dar um novo alento às famílias da ilha.

O eleito municipal do MpD esclareceu, porém, que o PAICV “não votou o orçamento e, como sempre, negou São Vicente, negou habitação aos mais necessitados, negou ajudar a ilha a adquirir equipamentos para futuras tempestades e que também poderiam apoiar outras ilhas”.

Segundo o líder da bancada da UCID, Anilton Andrade, o seu partido viabilizou o orçamento por se tratar de uma “oposição responsável, que ama São Vicente e quer o melhor para a ilha, mesmo que quem dirige os seus destinos não se guie pelo mesmo diapasão”.

“Após a tempestade Erin, temos o dever político de dar o benefício da dúvida ao orçamento, para, em parte, aliviar o sofrimento das famílias e contribuir para a recuperação de São Vicente, mesmo sabendo que se trata de um orçamento e de um plano de actividades que não respondem aos principais desafios da ilha”, declarou.

Anilton Andrade afirmou que a UCID viabilizou o instrumento de gestão não por confiança na maioria que dirige a câmara, mas por respeito aos sanvicentinos.

“Votar contra seria não sentir a dor do povo após a tempestade. E aqui temos de dizer ao PAICV que votar contra, nesta ocasião, é votar contra o povo, é decidir bloquear São Vicente”, rematou.

O orçamento da Câmara Municipal de São Vicente para o ano económico de 2026 tem uma previsão global de 1,4 milhões de contos e apresenta um aumento de cerca de 250 mil contos, com impacto nas despesas de funcionamento e de investimento.

Entre as despesas, destacam-se as com o pessoal, que totalizam 498.167.026 escudos, representando, em relação às receitas correntes de 1.081.300.000 escudos, uma taxa de cobertura de 46,07 por cento (%).

CD/ZS

Inforpress/Fim

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