
Mindelo, 10 Nov (Inforpress) – Munícipes de São Vicente pediram hoje intervenções da câmara municipal para melhorar acessibilidades e condições habitacionais em algumas zonas, resolver problemas de duplicação de terrenos e alcançar consenso entre os eleitos municipais na aprovação do Orçamento de 2026.
Esses pedidos foram feitos durante a intervenção do público na 3.ª sessão ordinária da Assembleia Municipal de São Vicente (AMSV), que arrancou hoje, tendo em vista o debate e aprovação do Orçamento Municipal para o ano económico de 2026.
Uma dessas intervenções partiu do munícipe João Fernandes, da zona do Calhau, localidade que foi uma das mais devastadas na ilha pela tempestade Erin, de 11 de Agosto.
Segundo João Fernandes, “uma das grandes reivindicações das gentes dessa localidade é a reconstrução de casas e das hortas que foram destruídas”, bem como a “reconstrução das acessibilidades, porque ainda há pessoas que não têm acesso às suas casas devido aos estragos causados nas vias pelas chuvas, como é o caso da Vila Miséria”.
A munícipe Zuleica Lima disse ter sido uma das afectadas pelas chuvas de 11 de Agosto e afirmou que a sua prioridade é dispor de uma habitação onde possa morar com dignidade. Por isso, pediu à oposição que ajude a aprovar o orçamento, de forma a poder ser contemplada com uma habitação social.
Por sua vez, o munícipe Alcides Coronel considerou que “a aprovação do Orçamento de 2026 é importante porque São Vicente e o seu povo precisam e merecem”, pelo que pediu aos eleitos municipais que “deixem de lado os assuntos partidários” para aprovarem o documento.
O presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, destacou o trabalho que a autarquia e o Governo realizaram na ilha após a tempestade e prometeu que as obras irão continuar.
“Neste momento, são mais obras pontuais, para dar uma imagem diferente à cidade e retomar as actividades, mas a ilha vai necessitar de obras profundas. Por isso, trazemos um orçamento que inclui um empréstimo bancário de 400 mil contos, destinado ao reforço de equipamentos de esgotos, máquinas, camiões, retroescavadoras e também à habitação social”, explicou.
Relativamente à duplicação de nomes em terrenos vendidos — assunto levantado por uma munícipe —, a mesma fonte clarificou que “o Cadastro Predial trouxe algumas coincidências de nomes de pessoas num único terreno”, mas que a Câmara já “está a resolver isso o mais rapidamente possível”.
Segundo o líder da bancada do Movimento para a Democracia (MpD) na Assembleia Municipal, António Pedro Rodrigues, foi criada uma comissão de acompanhamento de todo o trabalho da câmara, avaliando o que foi feito, o que está em curso e o que deverá ser feito no futuro.
Referiu ainda que, durante o período de calamidade de seis meses determinado pelo Governo, foram prestados apoios na área social, designadamente em termos de guarida, colchões, alimentos, apoio médico e medicamentoso, bem como assistência emergencial por parte de empresas locais.
Por isso, considerou que é apenas após esse período que se pode falar em recuperação.
“Já ouvimos o Governo dizer que vai fazer um plano. Mas fazer um plano implica um levantamento global de toda a situação social, económica e também financeira, porque é preciso ter recursos”, argumentou.
Para o líder da bancada municipal do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Nilton Silva, “a reconstrução de São Vicente deve mudar o paradigma da ilha” e “não vale a pena trabalhar toda a drenagem de águas a jusante se não se trabalhar a montante”.
“Propomos à câmara a construção de novos diques para a protecção da cidade do Mindelo, o desassoreamento e reforço dos diques já existentes, bem como a resolução da vulnerabilidade das construções nas ribeiras”, adiantou.
Por sua vez, o líder da bancada municipal da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), Anilton Andrade, afirmou que a recuperação de São Vicente poderia estar mais avançada, pois “ainda há muito trabalho por fazer”.
“É momento de o presidente utilizar o poder que tem, a diplomacia que pode exercer junto do Governo e de entidades internacionais, para alocar recursos à maior reconstrução possível da ilha de São Vicente”, defendeu, considerando ainda que a Câmara deve alocar recursos suficientes para construir muito mais habitações sociais na ilha.
A sessão da assembleia municipal para a aprovação do Orçamento Municipal de São Vicente para o ano de 2026 continua até terça-feira.
CD/HF
Inforpress/Fim
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