Ribeira Grande, 20 Ago (Inforpress) - Onze trabalhadores da localidade de Corda, no Planalto Leste, Santo Antão, denunciam estar há quase um ano à espera do pagamento de dois meses e meio de trabalho na manutenção de caminhos vicinais.
Em declarações à imprensa, os trabalhadores afirmam que a situação, envolvendo a empresa MF Group – Construções & serviços, Lda, se arrasta desde 2024 e tem vindo a afectar de forma séria a vida das famílias.
António Lopes, responsável pelo grupo, recordou que tudo começou em Março do ano passado, quando aceitaram o trabalho de limpeza das trilhas Corda, Figueiral, Selada de Mocho até Boca de Ambas as Ribeiras.
“Nos primeiros meses pagaram corretamente, mas depois começaram os atrasos. Chegámos a ficar vários meses sem receber, até que finalmente pagaram e os trabalhos encerraram”, explicou.
Segundo a mesma fonte, após as chuvas, o engenheiro Sérgio Cardoso voltou a convocar trabalhadores para retomar a limpeza dos trilhos, garantindo que desta vez os pagamentos seriam regulares.
“Propôs que fosse de 15 em 15 dias ou mensalmente. Nós aceitámos receber mensalmente. Em Dezembro, pediu a folha de salários dizendo que queria pagar antes do Natal. Mas nada aconteceu”, denunciou.
António Lopes salientou que a “situação de incumprimento” já levou os trabalhadores a endividarem-se.
“Ligámos várias vezes para o número disponibilizado para reclamações. Dizem sempre que o chefe não está e que vão retornar a chamada, mas nunca acontece. Temos filhos na escola, temos de pagar propinas, e nas lojas já não nos dão nada porque estamos cheios de dívidas. Vai fazer um ano que esperamos e ninguém nos dá respostas”, acrescentou.
Também Francisca Pinheiros, servente da obra, mostra-se revoltada. “Estamos cansados de esperar. Fazem reuniões, prometem, mas não cumprem. Ligamos todas as semanas e alegam que vão resolver, mas essa semana nunca chega. Trabalhámos dois meses e meio e continuamos sem receber. Isto é um absurdo”, desabafou.
Segundo Francisca Pinheiro a falta de emprego na comunidade é “gritante” e, quando aparece algum trabalho, aproveitam para “desenrascar” o dia a dia.
“Temos crianças pequenas na escola e a situação é muito difícil”, desabafou.
O advogado Janísio Medina, que acompanha o caso, confirmou que já tentou dialogar com a empresa.
“Falei várias vezes com o responsável e ele limita-se a dizer que têm intenção de pagar (…). Já receberam as folhas de salários, mas nada foi resolvido. Isto é uma falta de respeito para com a comunidade. Se não houver uma solução rápida pela via extrajudicial, avançaremos para os tribunais, porque a situação já ultrapassou todos os limites”, assegura.
A Inforpress tentou contactar a empresa MF Grupo, mas as tentativas revelaram-se infrutíferas.
LFS/CP
Inforpress/Fim
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