Ribeira Grande, 22 Out (Inforpress) - Uma missão médica internacional, em parceria com os hospitais João Morais e Baptista de Sousa, vai realizar em Santo Antão cerca de 100 cirurgias de cataratas, evitando deslocações dispendiosas e demoradas de doentes a São Vicente.
Em declarações à imprensa, a médica Karina Mascarenhas explicou que é a primeira missão oftalmológica internacional da See & Smille e HELP - Gent - Bélgica em Santo Antão e envolve uma equipa de sete profissionais de saúde, composta por três cirurgiões oftalmologistas, uma médica internista, três enfermeiras e um optometrista, e tem como base uma lista de 267 utentes inscritos no Hospital Baptista de Sousa.
Karina Mascarenhas explicou que a lista de utentes da missão refere-se apenas aos últimos inscritos no Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, totalizando 267 pessoas.
Segundo a mesma fonte, 35 desses inscritos estão com o telefone interrompido ou na caixa de correio, pelo que a lista foi deixada na secretaria do Hospital João Morais para que possam ser contactados e actualizar os dados, com o objectivo de reduzir a lista e facilitar o acesso às cirurgias.
“Com a HELP e a See & Smile, a ideia é voltar e diminuir ainda mais esta lista, evitando deslocações que trazem constrangimentos a muitas pessoas. Para ir a São Vicente, muitas vezes têm de ficar cerca de um mês, sem onde ficar, ou em casas de família, o que representa um desgaste significativo”, explicou.
Karina acrescentou que, com esta missão em Santo Antão, os pós-operatórios também serão realizados localmente, garantindo continuidade no acompanhamento.
“O nosso objectivo é que a HELP e a See & Smile gostem da experiência e voltem no futuro”, disse.
Por sua vez, o cirurgião oftalmologista que chefia a missão, o médico Fernand De Wilde, afirmou que é uma honra estar em Cabo Verde, e em especial em Santo Antão, pois é a primeira vez que realizam uma missão humanitária na área da oftalmologia, com o objectivo de tratar pessoas atingidas por cegueira provocada por cataratas.
Segundo o médico, a catarata consiste numa opacificação do cristalino, frequentemente provocada pela exposição prolongada ao sol sem protecção adequada, como o uso de óculos escuros, o que faz com que muitas pessoas desenvolvam a doença em idades relativamente jovens.
“Normalmente começamos a operar cataratas a partir dos 40 ou 50 anos, e muitos dos nossos pacientes já estão cegos nessa altura”, explicou.
O médico sublinhou que é muito positivo poder actuar numa zona remota e com poucos recursos, reforçando que este tipo de missões é comum em várias partes do mundo, mas que esta é a primeira vez em Cabo Verde com este enfoque.
Quanto à operação dos pacientes, o cirurgião informou que desde a chegada já foram avaliadas cerca de 230 pessoas para triagem cirúrgica.
“No domingo, fizemos as primeiras consultas de manhã e, à tarde, já operámos sete pacientes. Na segunda-feira realizámos 17 cirurgias e ontem foram 21. Hoje esperamos fazer entre 20 e 22 por dia. Acreditamos que até sexta-feira conseguiremos operar perto de 100 pessoas”, afirmou.
Sobre a prevenção, o médico evidenciou dois factores principais a protecção ocular, recomendando que quem trabalha ao ar livre utilize óculos escuros para reduzir a exposição à luz, e a alimentação, alertando que uma dieta pouco variada pode causar défices vitamínicos que favorecem o desenvolvimento da catarata.
Já o director do Hospital Regional João Morais, Nilton Sousa, afirmou que a acção tem um impacto “imediato e transformador” na vida dos doentes.
“Pessoas que ontem não viam, hoje recuperaram a visão. Isto não tem preço”, afirmou.
Nilton Sousa também salientou que a missão não tem fins económicos, embora o investimento seja significativo.
Cada cirurgia, segundo a mesma fonte, é suportada pela HELP, See & Smile, através da clínica Zuga, do Hospital Baptista de Sousa e do Hospital Regional, tem um custo aproximado de 2.500 euros, totalizando cerca de 250 mil euros.
“É um investimento grande que é importante destacar. Apesar disso, os utentes não pagaram pelas cirurgias, que são quase gratuitas. Apenas cobramos uma pequena taxa de bloco, correspondente às compartilhas, enquanto normalmente estas intervenções exigiriam que os pacientes desembolsassem centenas de escudos”, explicou.
A missão oftalmológica HELP/See & Smile integra um programa mais amplo de cooperação com Cabo Verde. A HELP iniciou a sua intervenção no país em 2020, com cirurgias ortopédicas no Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente. A próxima missão oftalmológica da organização está já agendada para Dezembro de 2025, e uma missão ortopédica para Janeiro de 2026.
LFS/ZS
Inforpress/Fim
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