
Ribeira Grande, 14 Nov (Inforpress) – O secretário-permanente cessante do Sindicato Livre dos Trabalhadores de Santo Antão afirmou hoje que deixa funções “de consciência tranquila”, reafirmando o trabalho desenvolvido e lamentou que projectos de formação apresentados nunca tenham recebido qualquer resposta das entidades competentes.
Em declarações à Inforpress, o dirigente sindical considerou que o balanço do mandato é “positivo”, sublinhando que o sindicato actuou sempre “com responsabilidade, pedagogia e proximidade”.
“Os trabalhadores sempre puderam contar connosco. Nunca nos escudámos perante os problemas. Tivemos dificuldades financeiras, sim, mas conseguimos sempre contorná-las. E não deixamos o sindicato numa situação preocupante”, garantiu.
Segundo Carlos Bartolomeu, uma das principais limitações do mandato foi a incapacidade de executar iniciativas de formação para dirigentes, delegados e trabalhadores filiados.
“Apresentámos projectos, mas nunca obtivemos satisfação. Muitas vezes o sindicato é visto quase como se fosse uma estrutura de oposição, e isso fechou portas para o financiamento de acções que eram fundamentais”, lamentou.
O dirigente lembrou que, apesar das limitações, a direcção manteve uma relação institucional “positiva” com a Direcção-Geral do Trabalho e a Inspecção-Geral do Trabalho, embora tenha criticado a ausência de representação destas entidades na ilha.
“Pedimos várias vezes ao Governo que criasse condições para instalar serviços da DGT e da IGT em Santo Antão. Disseram-nos sempre que era por causa dos custos, mas para nós trata-se de valorizar os trabalhadores da ilha”, frisou.
O responsável reafirmou que encerra o mandato satisfeito com o trabalho desenvolvido.
“Não tenho arrependimentos. Trabalhei com abertura, envolvi todos e sempre mantive a mesma postura, mesmo não sendo sindicalista profissional. Exerço em regime parcial, porque também sou trabalhador do Ministério da Agricultura e do INIDA”, explicou.
Entre os resultados alcançados, o sindicalista evidenciou a luta pela melhoria das condições laborais de funcionários mais vulneráveis, como jornaleiros e trabalhadores do Ministério da Agricultura, que passaram a receber um salário-base de 19 mil escudos.
“Foi uma luta incansável, acompanhada pela comunicação social nacional e, em especial, pela de Santo Antão, que sempre nos deu voz e visibilidade”, reconheceu.
O dirigente cessante voltou a alertar para a dificuldade de fixar jovens técnicos na ilha, situação que considera “preocupante”.
“Santo Antão tem uma juventude com enorme capacidade, mas muitos não conseguem fixar-se por falta de condições e motivação. Temos insistido junto do Governo central e das câmaras municipais para criarem políticas que invertam essa tendência”, afirmou.
Questionado sobre os assuntos que transitam para a próxima direcção, apontou dossiês relacionados com as câmaras municipais.
“Muitas coisas ficaram por resolver. A aplicação do PCFR continua problemática e há trabalhadores do saneamento com salários muito abaixo do justo”, mostrou.
Ainda assim, reconheceu avanços, nomeadamente da Câmara Municipal do Porto Novo, que deu “um sinal importante” de valorização dos profissionais do sector.
O dirigente ressalvou que liderar o sindicato não deve ser entendido como uma função vitalícia.
“Tudo tem um princípio e um fim. Cumprimos a nossa missão e agora é tempo de dar lugar a outros”, pontuou.
LFS/ZS
Inforpress/Fim
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