Santo Antão: Agricultores rejeitam reforma governamental e exigem mudança no Ministério da Agricultura

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Santo Antão: Agricultores rejeitam reforma governamental e exigem mudança no Ministério da Agricultura
04/02/25 - 02:58 pm

Ribeira Grande, 04 Fev (Inforpress) – Agricultores da zona norte de Santo Antão manifestaram hoje o seu “descontentamento” com a recente reforma governamental e exigem a substituição do actual ministro da Agricultura, acusando-o de negligenciar as necessidades do sector agrícola e do meio rural.

Em declarações à imprensa, António Carente, porta-voz dos agricultores da zona norte de Santo Antão, afirmou que o próprio primeiro-ministro "desrespeitou" os homens e mulheres do campo, que trabalham arduamente todos os dias para gerar empregos no meio rural e fornecer produtos agrícolas ao mercado nacional.

“Sentimos que o primeiro-ministro abandonou o meio rural, não reconhecendo os esforços dos agricultores. Além disso, temos um ministro da Agricultura que se demonstrou um inimigo declarado de Santo Antão, ao ser contra o levantamento do embargo aos produtos agrícolas da ilha para a ilha do Sal”, disse.

Com a insatisfação crescente, os agricultores afirmam que tomarão medidas contra o Governo, incluindo manifestações, que terão o seu pico em 2026, ano das próximas eleições.

“Já há algum tempo que temos pedido uma mudança de paradigmas no Ministério da Agricultura e esperávamos que, com a remodelação governamental, houvesse a oportunidade de um novo ministro, com capacidade e vontade de trabalhar pelo mundo rural”, afirmou.

António Carente sublinhou a situação de abandono que os agricultores da zona norte de Santo Antão têm enfrentado, citando a falta de políticas públicas eficazes e a inexistência de projectos sustentáveis para a agricultura. 

A situação, segundo a mesma fonte, agravou-se com a falta de investimentos em infra-estruturas e a ausência de um plano de acção claro para a agricultura em Santo Antão, que, como afirmou António Carente, continua a ser um dos pilares do desenvolvimento rural de Cabo Verde.

Por sua vez, o agricultor e proprietário Alberto Ramos afirmou que a presença do actual ministro da Agricultura em Santo Antão tem sido quase inexistente.

“A agricultura aqui na ilha só é visitada pelo ministro da Agricultura uma vez ou outra, em eventos como o de Afonso Martinho, onde ele aparece apenas para fazer um discurso de cinco minutos e depois se retira”, declarou.

Para Alberto Ramos, o que os agricultores realmente necessitam é de um ministro que se envolva activamente com a realidade do campo, acompanhe de perto as necessidades do sector e proponha projectos concretos e sustentáveis para o seu desenvolvimento.

O agricultor foi enfático ao criticar a actuação do actual ministro, afirmando que ele não possui um programa estruturado para a agricultura de Santo Antão, que está em franca decadência.

“Não queremos este ministro, porque ele não serve para a agricultura de Santo Antão. Ele não tem projecto nem visão sustentável para o nosso sector. Por isso, o consideramos o pior inimigo da agricultura desta ilha”, afirmou.

Alberto Ramos comparou ainda a gestão do ministério a uma "praga", mais destrutiva do que qualquer adversidade natural enfrentada pelos produtores, como a lagarta do cartucho-do-milho.

“Conseguimos suportar a lagarta e outras pragas, mas este ministro é uma praga ainda pior. Quando participamos nos encontros em Afonso Martinho, sabemos que é mais um dia de morte para a agricultura. A agricultura morre de mil mortes, e estamos lá para cumprimentar os colegas, pois o ministro da Agricultura não merece a nossa presença”, afirmou.

LFS/ZS

Inforpress/Fim

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