Assomada, 22 Jun (Inforpress) – A CPR do PAICV em Santiago Norte denunciou hoje o Governo por situações de alegadas “irregularidades” com a região, acusando-o de não ter acudido aos problemas da população, de ignorar o poder autárquico e obras “ilegais”.
Em declarações à imprensa, a presidente Comissão Política Regional (CPR) do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Carla Carvalho, explicou que estas denúncias foram fundamentadas pelos trabalhos realizados pela CPR e pelas auscultações feitas junto à população nos diferentes municípios da região, que evidenciam um quadro preocupante de “descaso” por parte do Governo.
Entre os principais problemas destacados, apontou a “grave” crise de abastecimento de água, que afecta tanto o consumo doméstico quanto a agricultura.
“Constatamos, em todos os municípios, a falta de água, uma questão que insistimos em frisar, pois é uma prioridade para a população. A Águas de Santiago (AdS, Empresa Pública Intermunicipal, S.A) foi criada com o objectivo de fornecer água de qualidade às pessoas, mas a realidade mostra que isso ainda não acontece”, afirmou Carvalho.
A porta-voz exemplificou com a situação de São Miguel, onde a dessalinizadora instalada não consegue atender a todos os bairros, assim como em Santa Catarina e Santa Cruz, que afecta também a saúde pública.
Para os agricultores, reforçou que a situação é ainda mais grave, com regiões como o Colonato, no Tarrafal, que passa por penúria de água, uma situação que já foi denunciada várias vezes sem que o Governo tome providências.
A dirigente da CPR do PAICV reforçou a necessidade de o Governo assumir uma postura “mais responsável” e de maior atenção às demandas da região, que é considerada um celeiro de produção agrícola.
“Não podemos aceitar mais promessas vazias de mobilização de água feitas há nove anos, e sem resultados concretos. É fundamental que o Governo, principalmente o Ministério da Agricultura e do Ambiente, priorize o acesso à água para os agricultores”.
Outro ponto abordado foi a relação entre o Governo e as câmaras municipais, especialmente após 01 de Dezembro, quando o PAICV venceu as eleições autárquicas em algumas câmaras da região.
Carvalho criticou o facto de o Governo estar a ignorar as câmaras municipais, com uma comunicação cada vez mais escassa e com visitas de membros do Executivo aos municípios.
“As câmaras municipais são órgãos legítimos para cuidar da população e a relação entre os poderes deve ser de cooperação, não de desrespeito”, disse.
A CPR também denunciou a falta de transparência em obras em curso na região, como a construção de habitações sociais em Santa Cruz e a reabilitação e asfaltagem da estrada entre Tarrafal e São Miguel.
Segundo a presidente da CPR do PAICV, o Governo parece estar a acelerar obras inacabadas ou mal planejadas, pois se esqueceu da região nos últimos anos e agora, tenta ludibriar a população.
“Não vamos aceitar mais enganações. A região de Santiago Norte merece atenção real e acções concretas. A população está atenta e cobrará resultados”, concluiu Carla Carvalho.
A denúncia do PAICV em Santiago Norte reforça a necessidade de maior diálogo e compromisso do Governo com os municípios do interior, sobretudo em questões cruciais como o abastecimento de água, a relação com os municípios e a transparência na execução de obras públicas.
MC/HF
Inforpress/Fim
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