São Filipe, 25 Mai (Inforpress) - O ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, manifestou hoje “profunda preocupação” durante a visita ao município de Santa Catarina do Fogo, onde inteirou-se dos estragos provocados pelo incêndio que consumiu cerca de 277 hectares de terreno.
Antes de visitar parte das áreas consumidas pelas chamas que foram extintas no sábado, Paulo Rocha recebeu informações detalhadas relacionadas com as áreas áridas e a forma como os operacionais lidaram com o incêndio.
Um levantamento preliminar do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros (SNPCB) aponta que uma área de cerca de 277 hectares de terreno (equivalente a 277 campos de futebol) foi consumida pelas chamas, dos quais cerca de dez hectares eram terrenos agrícolas.
Apesar de não haver registo de perdas humanas, animais ou habitações, o ministro alertou para os riscos futuros e a necessidade “urgente” de reforçar a prevenção.
“Felizmente, tudo está sob controlo agora, mas os operacionais tiveram muito trabalho. Há muito pasto que ficou perdido, inclusive alguns que já haviam sido recolhidos e armazenados. Essa é a maior preocupação no momento”, declarou Paulo Rocha.
Durante a visita, o governante destacou a dimensão da destruição e os perigos enfrentados, incluindo a proximidade do fogo de um cabo de alta tensão e de três comunidades, Mãe Joana, Tinteira e Estância Roque com o incêndio a chegar a ameaçar algumas residências, já que na Mãe Joana o foco ficou a 76 metros das habitações e em Estância Roque a 400 metros.
“O que não se entende é o motivo de tamanha negligência. As pessoas precisam entender que não se pode controlar o fogo, principalmente quando há muito vento, como é comum neste município. Provocar queimadas a céu aberto, sem qualquer apoio da corporação de bombeiros, é um risco enorme que deve ser evitado”, alertou o ministro da Administração Interna.
Paulo Rocha defendeu que não basta a aplicação da lei, pois, segundo o governante, é essencial uma mudança de mentalidade por parte da população.
“Da mesma forma que ninguém anda no meio da rua porque pode ser atropelado, ninguém deve provocar fogo no mato. Temos que ter essa consciência. A palavra certa é ‘cuidado’”, reforçou o titular da pasta da Administração Interna.
O ministro elogiou a mobilização das comunidades locais, das corporações de bombeiros dos três municípios da ilha, das Forças Armadas, do Sistema Nacional de Protecção Civil e dos Bombeiros da Cidade da Praia, sublinhando, no entanto, que “toda a ajuda é pouca quando poderia ser mais fácil se houvesse mais cuidado”.
Questionado sobre a necessidade de dotar os bombeiros municipais de mais meios, Paulo Rocha respondeu que da forma como a descentralização foi pensada, as corporações de bombeiros estão sob alçada e responsabilidade dos municípios e não do governo, ma garantiu que o governo continuará a apoiar, tanto na resposta imediata quanto na prevenção a longo prazo.
“Há investimentos a serem feitos, e o Governo continuará a apoiar as autarquias. Mas a prevenção passa pela limpeza dos terrenos, de forma controlada, coordenada, e não com fogo”, afirmou.
O ministro sublinhou a importância do Comando Regional na coordenação das forças envolvidas e destacou o papel dos voluntários.
“O Serviço Nacional de Protecção Civil também colabora na formação dos voluntários, que foram decisivos nesta operação. Eles precisam estar preparados para enfrentar essas situações com racionalidade e estratégia”, afirmou.
Paulo Rocha anunciou que ainda estão em curso os levantamentos definitivos sobre os impactos do incêndio, que contarão com o apoio do Ministério da Agricultura e Ambiente.
“Estamos a concluir essa avaliação para compreender bem os impactos. Certamente, o Governo apoiará os criadores de gado e os agricultores afectados”, indicou.
Na visita ao ministro a Santa Catarina Paulo Rocha foi acompanhado do presidente do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros e de outros responsáveis locais e nacionais e o ministro reforçou o compromisso do Estado com a protecção civil, ao mesmo tempo que deixou um alerta claro à população “sem prevenção e responsabilidade colectiva, tragédias ambientais como esta podem repetir-se com consequências ainda mais graves”.
JR/CP
Inforpress/Fim
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