Rússia exige reconhecimento internacional das anexações em território ucraniano

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Rússia exige reconhecimento internacional das anexações em território ucraniano
03/09/25 - 12:51 pm

Moscovo, 03 Set (Inforpress) - O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, reafirmou hoje que o reconhecimento internacional da anexação pela Rússia de cinco regiões ucranianas é uma das condições para um acordo de paz com a Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, exige que Kiev ceda as regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, cuja anexação reivindica desde setembro de 2022, além da Crimeia, tomada em 2014, bem como a renúncia da Ucrânia a aderir à NATO.

A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem a legitimidade das anexações russas do território ucraniano.

"Para que a paz seja duradoura, as novas realidades territoriais que surgiram (...) devem ser reconhecidas e formalizadas de acordo com o direito internacional", afirmou Lavrov, numa entrevista ao jornal indonésio Kompas divulgada pelo ministério.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, exige que o exército russo se retire totalmente da Ucrânia, que ocupa em cerca de 20%.

O chefe da diplomacia ucraniana, Andrii Sybiga, reagiu de imediato às declarações do homólogo russo, que descreveu como "uma nova série de velhos ultimatos".

"A Rússia não alterou os objetivos brutais e não mostra a menor disposição para negociações significativas", comentou Sybiga nas redes sociais, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).

"Isso prova que o apetite do agressor só cresce quando não é submetido a pressão e força. É hora de atacar a máquina de guerra russa com novas sanções severas", acrescentou Sybiga.

A Rússia, que invadiu o país vizinho em fevereiro de 2022, exige a cedência do Donbass (leste, formado por Donetsk e Lugansk), que não controla totalmente, e o reconhecimento da integração da Crimeia na Federação Russa.

Estaria disposta a congelar o conflito no sul (Zaporijia e Kherson) ao longo das atuais linhas de frente, segundo a Turquia, que acolheu três sessões de negociações entre russos e ucranianos este ano em Istambul.

Durante as negociações em Istambul no início deste ano, os negociadores russos exigiram, como condição prévia para o fim do conflito, que a Ucrânia se retirasse totalmente das cinco regiões em causa.

A posição terá sido alterada depois da recente cimeira no Alasca entre Putin e o homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, de acordo com Ancara.

Na entrevista ao jornal indonésio Kompas, Lavrov reafirmou também que "não é possível alcançar uma paz duradoura sem erradicar as causas subjacentes do conflito".

Essas causas "incluem ameaças à segurança da Rússia decorrentes da expansão da NATO e das tentativas de arrastar a Ucrânia para este bloco militar agressivo", disse Lavrov.

Defendeu a criação de "um novo sistema de garantias de segurança para a Rússia e a Ucrânia, como parte integrante de uma arquitetura pan-continental de segurança igualitária e indivisível na Eurásia".

Lavrov disse também que é necessário "garantir a restauração e o respeito pelos direitos humanos nos territórios que permanecem sob o controlo do regime de Kiev".

Acusou Kiev de estar "a exterminar tudo o que está relacionado com a Rússia, os russos e os povos de língua russa, incluindo a língua russa, a cultura, as tradições, a ortodoxia canónica e os meios de comunicação social em língua russa".

"Atualmente, a Ucrânia é o único país onde o uso da língua falada por uma parte significativa da população foi proibido", acrescentou.

Inforpress/Lusa

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