São Filipe, 29 Mai (Inforpress) – O alpinista e guia turístico Mustafa Eren, figura conhecida no mundo dos desportos radicais, está a apostar na juventude para criar a equipa nacional de escalada e desenvolver turismo sustentável na ilha do Fogo.
O alpinista e guia turístico está, neste momento, a liderar uma “iniciativa ambiciosa” para formar jovens especialistas em escalada e transformar a ilha do Fogo num destino de excelência para o turismo de aventura.
Com vasta experiência internacional, incluindo passagens por competições e treinamentos na Turquia, Alemanha e Holanda, Mustafa Eren acredita no potencial dos jovens cabo-verdianos e da ilha do Fogo onde reside há cerca de duas décadas.
“Trabalhei com mais de 20 jovens em Chã das Caldeiras e 15 deles têm talento superior e cinco são talentos incríveis. Nunca vi isso em nenhuma parte do mundo”, afirma o alpinista que acrescentou que o objectivo é criar uma equipa nacional de escalada, ainda que não oficial, e usar essa força jovem para impulsionar um novo modelo de turismo sustentável na ilha.
“O turismo de desporto radical não dura um ou dois dias. Pode manter visitantes por duas a três semanas. É mais rentável e sustentável para a ilha”, explicou Mustafa Eren já é conhecido pela “impressionante escalada” ao “Pilon di Nhor Dés”, na ilha de Santiago, uma façanha que lhe rendeu destaque no arquipélago e agora sonha escalar a Torre de Xoxô, em Santo Antão, com mais de 120 metros de altura, ainda este ano, provavelmente no mês de Agosto se a chuva não cair cedo.
O alpinista classificou a ilha do Fogo como um “paraíso natural para o desporto radical” e explicou que a geologia única da ilha é um dos grandes trunfos para os praticantes da escalada.
“Fogo é especial. Em poucos metros, encontramos tipos de rochas completamente diferentes, o que exige técnicas variadas e torna o treino mais desafiante e interessante”, explicou Mustafa Eren, que apontou que na Europa, por exemplo, nos Alpes, há apenas um tipo de rocha, enquanto aqui existe uma diversidade em poucos metros.
Segundo o alpinista, a ilha oferece inúmeras zonas para escalar, treinar e até mesmo explorar grutas, ainda pouco conhecidas, e observou que a escalada e exploração de grutas estão interligadas porque exigem a segurança.
Para Mustafa Eren, mais do que performance física, a prática do desporto radical cria uma ligação profunda com a natureza e promove a consciência ambiental.
“Quem pratica escalada quer um ambiente limpo. Isso cria uma cultura de respeito pela natureza que pode beneficiar toda a ilha”, disse o alpinista e guia, lembrando que na ilha não existe infraestrutura artificial para treino de desporto radical o que, segundo o mesmo, constitui uma vantagem.
“Praticamos o desporto radical na natureza e cada lugar que tem boas rochas para escalar é também um lugar lindo”, disse o alpinista que acrescentou que trabalha com um grupo de jovens com 14 e 15 anos, mas também com um grupo grande de guias de montanha de Chã das Caldeiras.
Para alguém que está de fora e não conheça o desporto radical pensa que para praticá-lo a pessoa tem que ser “doida”, mas não é assim, disse o alpinista que acrescentou que sempre explica aos praticantes de que não estão a treinar para a saúde ou para ficarem big (grandes) e bonitos, mas para ter mais segurança.
Segundo a mesma fonte, a escalada exige que o corpo e a mente estejam num alto nível e bem saudável e sublinhou que é um desporto que de corpo inteiro esteja “super saudável” e que não é um desporto monótono como ir no ginásio e levantar peso 20 vezes.
Mustafa Eren foi recentemente convidado para participar num documentário internacional sobre escaladas, mas em Agosto, planeia regressar à acção em Santo Antão, após adiar a expedição devido a um projecto de filmagem na África do Sul.
JR/CP
Inforpress/Fim
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