Fogo: Vinhos “Nhô Djemi” e “Teresa Fontes” homenageia legado familiar e potencial vitivinícola (c/áudio)

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Fogo: Vinhos “Nhô Djemi” e “Teresa Fontes” homenageia legado familiar e potencial vitivinícola (c/áudio)
19/08/25 - 07:58 am

São Filipe, 19 Ago (Inforpress) - O lançamento no próximo sábado dos vinhos “Nhô Djemi” (tinto) e “Teresa Fontes” (branco) homenageia o legado familiar com mais de cinco décadas e o potencial vitivinícola da ilha.

Os dois vinhos, que serão comercializados após a apresentação, visam lembrar a memória e o legado de “um dos filhos mais visionários da ilha” no sector vinícola, Guilherme Vieira Fontes, conhecido por nhô Djemi, e sua esposa, Teresa Andrade Fontes.

"Esses vinhos nascem do projecto Monte Losna, um sonho de infância de nhô Djemi que atravessou gerações e fronteiras. Depois de quase dez anos nos Estados Unidos retornou com o único objectivo de adquirir o terreno em Monte Losna para plantar não apenas videiras, mas macieiras, marmeleiros e outras plantas", declarou Horácio Fontes, um dos mentores do projecto.

Segundo a mesma fonte, nhô Djemi foi um pioneiro e cuja visão deu origem a um dos projetos agrícolas mais promissores da ilha.

“Tudo o que ele fez durante a vida, vamos dar continuidade e homenageá-lo. Não queremos que o seu nome seja esquecido”, afirma o neto e actual responsável pelo projecto.

Para a mesma fonte, os vinhos são um tributo ao avô e à avó que, segundo o mesmo, “ficou para trás, a cuidar dos filhos e da casa” enquanto Nhô Djemi “buscava um sonho para todos”.

O vinho “Nhô Djemi” é descrito como um tinto robusto, feito com uvas colhidas à mão em solos vulcânicos, apresentando aromas de bagas escuras, ameixa e notas minerais, respeitando métodos tradicionais com o toque de um enólogo italiano.

O branco “Teresa Fontes” presta tributo à matriarca da família, trazendo notas tropicais e minerais, sendo considerado uma representação da resiliência e dedicação de Teresa.

A produção teve início em 2020, em colaboração com a adega Monte Barro da Vinha Maria Chaves.

Inicialmente, as uvas eram fornecidas por Monte Losna, mas desde 2023 os vinhos são lançados sob marca própria, disse Horácio Fontes, que lembrou que a produção é 100 por cento (%) local, com toque do enólogo italiano que agrega sofisticação sem perder a essência da tradição.

Apesar do sucesso inicial e interesse de hotéis e resorts, sobretudo na ilha do Sal, o lançamento oficial só agora ocorre na ilha do Fogo onde tudo começou, disse Horácio Fontes, que sublinhou que a ideia é aproximar o projecto da comunidade e valorizar a contribuição de Nhô Djemi.

Embora Monte Losna seja a maior parcela vinícola da ilha, o foco está no desenvolvimento conjunto de Chã das Caldeiras. 

“Queremos unir os produtores e criar condições para que a ilha se desenvolva como um todo”, frisou. 

Entre os objectivos futuros está a construção de uma adega própria, ideia que remonta a 2010.

No entanto, Horácio Fontes aponta que São Filipe já conta com uma estrutura que pode servir para melhorar a produção, uma adega com equipamentos modernos e laboratoriais.

Ainda assim, há desafios, como o difícil acesso ao terreno, especialmente durante as chuvas, e a ausência de incentivos fiscais, que encarece a produção frente aos vinhos importados. “Importamos tudo, garrafas, cápsulas, rótulos … e ainda pagamos alfândega. É difícil competir”, lamentou.

Monte Losna já está preparado para exportar para os EUA, com representante licenciado e documentação exigida pelas autoridades americanas.

Além do vinho, estão em teste aguardentes de maçã e marmelo, aproveitando frutos que antes não tinham uso comercial.

Também está em curso um projecto de enoturismo, com restauração e hotelaria, para posicionar Cabo Verde no mapa vinícola africano e global.

“É um projecto de vida. Acredito que seja uma visão divina, uma bênção de Deus e do meu avô. O sonho não pode morrer”, concluiu Horácio Fontes.

JR/AA

Inforpress/Fim

 

 

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