Cidade da Praia, 12 Jun (Inforpress) – O Presidente da República, José Maria Neves, disse hoje que o antigo Campo de Concentração do Tarrafal é um elemento da história política contemporânea de Cabo Verde, pelo que deve ser conservado como um espaço de memória.
"O Campo de Morte Lenta do Tarrafal é definitivamente um património muito importante para Cabo Verde, Portugal, Angola, Guiné-Bissau e para todo o mundo lusófono”, afirmou o chefe de Estado.
José Maria Neves fez estas considerações à imprensa à margem do encontro que manteve com o ministro da Cultura e Indústrias Criativas, Augusto Veiga, que lhe apresentou oficialmente a documentação da candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal a Património Mundial da Unesco.
Na ocasião, o governante convidou o Presidente Neves para integrar a Comissão de Honra desta “importante iniciativa”.
Para José Maria Neves, o Campo de Concentração do Tarrafal deve ser preservado para que os cabo-verdianos possam conhecer melhor a sua história e também para que sirva de referência às gerações vindouras.
A liberdade, acrescentou o chefe de Estado, é um “bem inestimável”, pelo que há que continuar a trabalhar permanentemente para a sua afirmação.
“E tudo o que ofende a liberdade, tudo o que ofende a dignidade da pessoa humana é um mal que deve ser expurgado”, frisou Neves.
A mesma fonte acrescentou que é importante que as novas gerações tenham a verdadeira perspectiva do passado, para poderem preservar os ganhos em termos de liberdade, democracia e de todos os ganhos na luta pela dignidade da pessoa humana.
Instado sobre como a Presidência da República se vai envolver no processo da candidatura do antigo Campo de Concentração, explicou que vai acompanhar todo o trabalho técnico que o Governo está a desenvolver.
A nível do continente africano, enquanto Champion para a preservação do património natural e cultural de África, continuou, promoverá esta candidatura junto da Unesco e de outros parceiros internacionais em “estreita cooperação com o Governo”.
Anunciou que nos próximos dias a Presidência da República vai lançar um livro sobre a comemoração dos 50 anos da libertação dos presos políticos do campo de concentração do Tarrafal.
Situado na localidade de Chão Bom, o Campo de Concentração do Tarrafal foi construído no ano de 1936.
Recebeu os seus primeiros presos a 29 de Outubro do mesmo ano, tendo funcionado até 1956.
Em 1962 foi reaberto com o nome de Campo de Trabalho de Chão Bom, destinado a encarcerar os anticolonialistas de Angola, Guiné Bissau e Cabo Verde. No total foram presas mais de 500 pessoas, sendo 340 antifascistas e 230 anticolonialistas.
LC/AA
Inforpress/Fim
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