PR da Guiné-Bissau quer que Campo de Concentração do Tarrafal seja “um lugar de memória”

Inicio | Cooperação
PR da Guiné-Bissau quer que Campo de Concentração do Tarrafal seja “um lugar de memória”
01/05/24 - 06:32 pm

Tarrafal, 01 Mai (Inforpress) – O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, defendeu hoje que o ex-campo de concertação do Tarrafal de Santiago, que outrora fora “um lugar de sofrimento e onde muitos perderam a vida” tem que ser “um lugar de memória”.

Sissoco Embaló discursava no Tarrafal durante a sessão comemorativa dos 50 anos da libertação dos presos políticos no Tarrafal, que contou com a participação dos chefes de Estado de Cabo Verde e Portugal, José Maria Neves e Marcelo Rebelo de Sousa, respectivamente.

Marcou ainda presença na cerimónia o ministro da defesa nacional e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos, em representação do Presidente da Angola, João Lourenço, e o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.

Nesse sentido disse acreditar que este evento organizado pela Presidência da República de Cabo Verde vai resgatar a memória e o exercício de reflexão, e ainda será seguramente um momento de homenagem a centenas de portugueses, angolanos, guineenses e cabo-verdianos que passaram anos no campo de concentração do Tarrafal.

Neste campo também conhecido como “campo de morte lenta”, segundo o chefe de Estado guineense encontra-se a memória de um Portugal amordaçado, do antifascismo e da aspiração da democracia que animou tantos portuguesas contra a ditadura do Estado Novo”.

É também no Tarrafal, lembrou que está a memória histórica do nacionalismo dos africanos, dos angolanos, guineenses e cabo-verdianos que se ergueram pela libertação nacional desses povos contra o império colonial português.

“Tarrafal representa ainda algo que foi essencial para a luta dos nossos povos, a consciência da solidariedade estrutural de antifascistas e anticolonialistas contra a ditadura em Portugal e contra império colonial”, reforçou Sissoco Embaló, inclinando perante a memória daqueles que morreram no Tarrafal e dos que não vivos.

Já o ministro da Defesa de Angola, em representação do presidente João Lourenço, notou que visitar o então campo de concentração do Tarrafal é vir ao encontro da história do longo e penoso, do mais necessário processo de resistência da ocupação colonial ao regime fascista de Salazar e da luta de libertação nacional de nossos povos em que pretendiam perpetuar o domínio.

Na ocasião, assegurou que o Executivo angolano está a dinamizar acções que visam homenagear mais condigo possível os heróis da pátria nas mais distintas etapas da sua história com a construção de representações simbólicas, como monumentos e sítios.

Estas infra-estruturas, segundo ele são “muito importantes” no processo do ensino da história à juventude actual e às futuras gerações.
Reiterou ainda que Luanda continua engajado no reforço da protecção social dos antigos combatentes e veteranos da pátria com a melhoria da sua condição de vida e de seus descendentes.

O evento foi marcado pelo descerramento da placa comemorativa da efeméride, seguido da conferência "Campo de Concentração do Tarrafal: Genealogia, Histórica, Modelos de Repressão e Memórias Transnacionais de Resistência", na voz do professor e historiador Victor Barros, e uma visita guiada ao também Museu da Resistência.

As comemorações culminam com um concerto musical com Mário Lúcio (Cabo Verde), Paulo Flores (Angola), Karyna Gomes (Guiné-Bissau) e Tersa Salgueiro (Portugal).

FM/JMV
Inforpress/Fim

Partilhar