Praia: Escola Básica do Brasil dedicada a crianças surdas arranca novo ano lectivo com défice de alunos (c/áudio)

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Praia: Escola Básica do Brasil dedicada a crianças surdas arranca novo ano lectivo com défice de alunos (c/áudio)
18/09/24 - 03:12 pm

Cidade da Praia, 18 Set (Inforpress) – A Escola Básica do Brasil dedicada às crianças surdas arrancou este ano com apenas 12 alunos do primeiro ao sexto ano e cinco professoras, registando uma diminuição considerável de 18 alunos comparativamente ao ano de 2022.

Em entrevista exclusiva à Inforpress, a directora do Agrupamento Eugénio Tavares, na Praia, Ana Paula Semedo, disse desconhecer as causas da redução, mas arriscou apontar para falta de conhecimento dos familiares que não sabem do trabalho realizado pela escola.

Segundo Ana Paula Semedo, no ano passado, o recinto funcionava com uma aluna do segundo ano, duas do terceiro, três do quarto ano, na quinta classe com quatro alunos e no sexto com dois, excepto do primeiro ano.

De acordo com a mesma, os dois alunos que apresentam outras necessidades especiais além da audição comprometida, que, segundo o sistema, estão no quinto ano, ainda não passaram da fase pré-escolar porque, conforme explicou, a docente ainda trabalha a parte da pintura, idêntica ao jardim.

Este ano, o novo ano lectivo iniciou-se com duas alunas novas do primeiro ano, uma da Praia e outra da ilha do Maio, uma aluna do terceiro ano, três no quarto, dois no quinto ano e quatro crianças no sexto ano.

A directora da Escola Secundária Eugénio Tavares avançou que em Cabo Verde ainda não há formação especial para docentes que queiram trabalhar com alunos com necessidades educativas, contudo, os profissionais da Escola Básica do Brasil têm procurado as melhores formas de estimular a aprendizagem e garantir a evolução progressiva dessas crianças.

“Helena, uma das professoras é formada em língua gestual, Gorete fez agora a pós-graduação. Ela estudou por conta própria, em amor à profissão, gostou da parte dos estudos, começou a trabalhar sem nenhum conhecimento”, disse, apresentando alguma preocupação com o padrão da língua gestual.

“Ângela neste momento já domina muito bem a linguagem gestual, embora às vezes tenha problemas porque nós aqui em Cabo Verde não temos um padrão certo da utilização da linguagem gestual, às vezes usamos o brasileiro e às vezes o português, estamos no meio a tentar adaptar, mas nenhuma delas tem formação”, acrescentou.

Relativamente aos materiais didácticos, avançou que, no ano passado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, em parceria com a Embaixada de Espanha, ofereceram cinco computadores de mesa e materiais escolares, além de facilitarem nas cópias.

“É complicado para um ouvinte avaliar um surdo, nós não temos um programa especial para eles, é adaptado. A forma de avaliar é diferente, às vezes as professoras explicam-nos mas é complicado para nós que estamos a trabalhar com eles, ver aquilo”, frisou.

Ana Paula Semedo apelou ao maior envolvimento dos pais principalmente na aquisição dos materiais, assegurando que os alunos têm apresentado grau de evolução visto que alguns já frequentam a universidade e criaram um empreendimento próprio.

“Nós aprendemos a nossa linguagem materna desde os dois anos, mas eles vão aprender a linguagem deles com seis anos, que é a linguagem gestual. Então há evolução, não aquela evolução que talvez esperávamos”, concluiu.

LT/ZS

Inforpress/Fim

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