Cidade da Praia, 13 Jun (Inforpress) – O nadador salvador Napoleão da Rosa denunciou hoje, na Praia, o que considera ser “carências gritantes”, com a falta de recursos humanos e materiais para prestar um serviço de qualidade.
Napoleão da Rosa, um dos responsáveis pela vigilância da Praia de Kebra Canela, revelou uma realidade de “carências gritantes”, desde o défice de recursos humanos e materiais até à persistente falta de civismo por parte dos banhistas.
Em entrevista à Inforpress, Napoleão da Rosa disse que a vigilância nas praias tem decorrido "normalmente, até agora", mas os desafios continuam e são “imensos”.
Um dos problemas mais antigos e persistentes, referiu, é o desrespeito pelas bandeiras de sinalização. No seu entender, embora se note um ligeiro aumento no interesse e na curiosidade dos banhistas em relação ao significado das cores, a falta de informação generalizada é um obstáculo que exige maior divulgação.
"Este é um problema que temos vindo a enfrentar há vários anos e que precisa de ser corrigido", disse a mesma fonte.
A maior apreensão reside na escassez de recursos. "É complicado falar sobre isso", confessou, referindo-se aos incidentes mais frequentes e à preparação dos salva-vidas.
A realidade é de um "défice significativo" de pessoal. Para as praias de Prainha e Kebra Canela, as mais frequentadas da ilha de Santiago, existem apenas sete salva-vidas.
“Este número irrisório gera um grande receio de como vamos dar conta da alta demanda durante esta época balnear, em que as praias recebem muitas pessoas diariamente", exteriorizou.
Durante a época alta, a lista de incidentes é variada, desde afogamentos a ferimentos causados por pedras soltas no mar, que afectam particularmente as crianças.
Napoleão destacou ainda o comportamento de alguns grupos que chegam em grande número, tornando a vigilância mais difícil.
Uma situação preocupante, disse, é a delegação da segurança dos mais novos a irmãos mais velhos ou adolescentes, sem a experiência necessária, o que tem gerado "vários problemas, especialmente na Praia de Kebra Canela".
As condições de trabalho dos salva-vidas são descritas como "um serviço bastante precário".
A falta de regalias e de condições adequadas para realizar um bom trabalho é “preocupante”, porque, para Napoleão, é difícil trabalhar nestas condições, pelo que, sublinhou, o desajuste entre as enormes responsabilidades de salvar vidas é um salário que não reflecte a importância da função.
A exposição diária ao sol e a ausência de uma alimentação adequada durante o período de trabalho são apenas algumas das queixas. "Não se trata apenas de nadar bem, mas também de estar preparado para situações de emergência, lidar com pessoas em pânico, prestar primeiros socorros, tudo isso, mesmo com um salário abaixo do esperado", desabafou.
A precariedade estende-se aos equipamentos, revelando que a prancha usada para salvar vidas encontra-se em péssimas condições, e aproveitou para apelar a mais dignidade e melhores condições para que possam prestar um bom serviço e de qualidade.
O nadador salvador considerou ainda que é “fundamental” que as autoridades competentes façam a sua parte, nomeadamente nas escolas, nas televisões e nas rádios para uma maior consciencialização pública nesta época balnear com a chegada de muitos adolescentes que neste período vão estar de férias escolares.
Para os cidadãos, Napoleão da Rosa fez um apelo veemente pedindo que respeitem os sinais e as recomendações de segurança, para que estejam informados e, ao entrarem no mar, tomarem cuidados adicionais, especialmente com as pedras soltas que muitas vezes não são visíveis e que têm causado vários constrangimentos.
JBR/ZS
Inforpress/Fim
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