Praia: Presidente da câmara municipal diz que fundo de financiamento municipal não cobre salários

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Praia: Presidente da câmara municipal diz que fundo de financiamento municipal não cobre salários
30/09/25 - 03:43 pm

Cidade da Praia, 30 Set (Inforpress) – O presidente da Câmara Municipal da Praia afirmou hoje que recebe ”apenas” 50 mil contos mensais do Fundo de Financiamento Municipal, valor que “não cobre nem os salários”.

Durante a sua intervenção na III Sessão Ordinária da Assembleia Municipal da Praia, Francisco Carvalho desmentiu o Governo, e assegurou que ao contrário do que é transmitido de que a câmara municipal estaria a receber três milhões de contos do Fundo de Financiamento Municipal, recebe cerca de 50 mil contos.

Segundo Francisco Carvalho, esse valor não cobre, sequer, a folha salarial, orçada em 63 mil contos, além de outras despesas obrigatórias como combustíveis, água, internet, luz, telefone, apoios na área da saúde e projectos para jovens, turismo e empreendedorismo que são suportados pela câmara municipal.

Francisco Carvalho acusou ainda a gestão anterior do MpD na autarquia de “golpes e roubalheiras”, mencionando que o Fundo do Turismo foi utilizado de forma antecipada e que, em 2019, às vésperas das eleições, foram transferidos cerca de 957 milhões de escudos, “não apenas do fundo municipal”.

Quanto ao Programa de Requalificação, Reabilitação e Acessibilidade (PRRA), Francisco Carvalho garantiu que vai retornar o programa quando assumir o Governo, justificando que se trata de obras de grande dimensão que o orçamento da câmara municipal não tem capacidade de suportar.

“As obras do PRAA são de grande volume, o orçamento da câmara municipal não cobre obras de 100 mil contos. Temos de ter esta consciência. O orçamento municipal não permite fazer obras de 100 mil contos”, declarou, sublinhando a “incoerência” do presidente do MpD, Ulisses Correia e Silva.

Por sua vez, a líder da bancada do MpD na Assembleia Municipal da Praia, Manuela Brito, contestou as declarações do edil, garantindo que as transferências do Governo para a câmara municipal rondam os 60 mil contos e não 50 mil, como foi referido.

“São 60 mil contos por mês, cerca de dois mil contos por dia, e essas transferências, é bom que os cabo-verdianos saibam, vêm da cobrança dos impostos que nós pagamos ao Estado e que o Governo transfere para as câmaras municipais e o maior bolo vai para a Câmara Municipal da Praia”, afirmou.

A deputada reiterou ainda que a autarquia recebeu 250 mil contos do Fundo do Ambiente, sem que, no entanto, se veja impacto na melhoria do saneamento.

“O risco de perdermos o certificado [de país livre do paludismo] é real, aliás, a OMS acabou por confirmar, e o risco é real porque a Câmara Municipal da Praia tem fundos para fazer isso através do Fundo do Ambiente, 250 mil contos, e resolveu não o usar”, enfatizou, exemplificando o estado do saneamento da capital.

Segundo Manuela Brito, a autarquia praiense optou por “desmantelar toda a estrutura de saneamento encontrada em 2020, sem apresentar alternativas”, apontando a falta de contentores, viaturas em mau estado e a ausência de um plano estratégico de longo prazo.

“Nós temos contentores velhos, temos camiões velhos, não temos um plano de saneamento estratégico a longo prazo, temos acções, conforme as pessoas vão reclamando, a Câmara Municipal da Praia vai tomando acções de contratar mais dinas, que, entretanto, também não paga”, realçou, sublinhando que a câmara municipal não tem encontrado solução.

LT/HF

Inforpress/Fim

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