Cidade da Praia, 26 Jun (Inforpress) – O presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV – oposição), Rui Semedo, acusou hoje o Governo de “riola conspirativa”, ao tentar colocar o partido contra Portugal e as embaixadas.
Rui Semedo fez estas acusações durante o debate parlamentar da segunda sessão do mês de Junho com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, esclarecendo que durante a sua intervenção defendeu a imigração, mas não a imigração forçada.
“A imigração forçada não é a nossa perspectiva, é uma primeira questão. Nós defendemos também o mundo plano e o mundo global, sem barreiras e sem fronteiras. Esta é a nossa perspectiva”, acentuou.
De acordo o presidente do maior partido da oposição, o acordo de mobilidade assinado com os países da União Europeia era “muito mais amplo” do que o da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O parlamentar foi categórico ao afirmou que o Executivo “acabou” com a construção do acordo de mobilidade e tomou uma decisão unilateral de desistir da construção e de abrir o país à entrada sem visto dos cidadãos da União Europeia.
“O que defendemos neste aspecto é que nós tenhamos o mesmo direito de ter também as fronteiras abertas e de poder circular pelo mundo, não por necessidade, mas porque queremos, para visitar, para conhecer, para investigar, para trabalhar se for necessário, mas não por obrigação e por necessidade premente e por falta de condições alternativas dentro do nosso próprio país”, apontou.
Rui Semedo disse ainda que o partido criticou uma posição e a prática do Governo que está a “aproximar-se da extrema direita europeia”, quando criam “barreiras e dificuldades” aos africanos que visitam Cabo Verde, criando-lhes dificuldades.
“Esta atitude, esta prática, assemelha e aproxima o vosso Governo de preconceitos da extrema direita europeia. Portanto, esses obstáculos têm que ser eliminados e não devemos tratar os nossos irmãos africanos com preconceitos, às vezes até raciais”, sublinhou.
Por sua vez, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, salientou que imigração forçada foi no tempo da roça para São Tomé, e isso ficou no passando há muito tempo.
“Mais uma vez, são inconsequentes e são pouco claros (…) Por um lado, construíram uma narrativa, tentaram preocupar o Governo relativamente à saída de jovens à procura de estudos, porque estão nas estatísticas, à procura de melhores condições de trabalho, que estão nas estatísticas. Outros que emigram”, explicou.
Segundo o chefe do Executivo o PAICV construiu uma narrativa à “saída de servos”, e nisso questionou a oposição de quantos cientistas, investigadores, professores e doutores que já saíram para trabalhar em restaurante, construção civil ou lavar carros em Portugal.
“Uma narrativa construída para, com único propósito, tentar emporcalhar e atingir o Governo. No entanto, pergunto se um dia forem Governo, se mantêm os acordos? Se confiam e se mantêm o conteúdo dos acordos? Porque se for assim, não têm razão de criar toda esta narrativa que é uma narrativa destrutiva e sem nada de positivo”, criticou.
Conforme o primeiro-ministro, “mais uma vez”, o PAICV, tentou criar uma ideia de que é contra os africanos.
“Nós somos africanos e com muito orgulho. Agora, somos diferentes relativamente ao PAICV, na perspectiva da integração africana. Somos diferentes na perspectiva de como nos posicionamos em África. E mais: somos diferentes relativamente as políticas. Este Governo que criou a Alta Autoridade para a Imigração, e tem hoje um sistema de apoio a imigrantes que vêm da África Ocidental, relativamente a tipo de uma central telefónica de apoio em seis línguas, incluindo o uolofe, incluindo línguas de países que Cabo Verde não usa, para facilitar a integração. Unidades locais de atendimento, regularização extraordinária de imigrantes”, enumerouu.
Ulisses Correia e Silva sublinhou que sobre estas políticas não há comparação, até porque, segundo o governante, a oposição “fala, fala, fala e nunca fez uma política estruturada” relativamente às comunidades imigrantes em Cabo Verde.
LFS/JMV
Inforpress/Fim
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