Parlamento: MpD nega que saída de jovens para estrangeiro seja sinal de colapso e falência do país

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Parlamento: MpD nega que saída de jovens para estrangeiro seja sinal de colapso e falência do país
13/06/25 - 01:40 pm

Mindelo, 13 Jun (Inforpress) - O Movimento para a Democracia (MpD, poder) negou hoje, em declaração política no Parlamento, que a emigração massiva de jovens cabo-verdianos para o estrangeiro seja um sinal de colapso e falência do país, tal como refere a oposição.

O deputado Abraão Vicente, que deu voz à declaração política, socorreu-se de estatísticas para afirmar que o país “vai bem” e que a juventude vai para o estrangeiro para “levar Cabo Verde mais longe” e que vai “regressar com mais força”.

Segundo Abraão Vicente, em 2024 Cabo Verde registou as “maiores receitas fiscais da sua história”, ou seja mais de 56,5 mil milhões de escudos. Também assinalou um “aumento histórico” na taxa de emprego com mais 8.453 pessoas empregadas, muitas delas jovens e teve a base da segurança social alargada com mais jovens a contribuir, o que trouxe mais confiança ao sistema, pelo que vê a emigração como uma mobilidade estratégica.

“O Governo liderado por Ulisses Correia e Silva tem aberto caminhos, como com o Acordo de Mobilidade da CPLP, que transforma a emigração em mobilidade estratégica. A oposição chama isso de fuga? Nós chamamos de reconhecimento, de excelência”, destacou afirmando que quando um jovem cabo-verdiano é recrutado por uma multinacional, não é abandono, mas sim afirmação.

Em reação, o líder do grupo parlamentar do MpD, Celso Ribeiro, sustentou que o crescimento de Cabo Verde “existe e é um facto” porque o actual Governo conseguiu fazer o país crescer.

“O país cresceu e 9.487 famílias cabo-verdianas beneficiaram com o rendimento social de inclusão, rendimento esse que até 2015, quando o PAICV estava no Governo não existia. Cerca de 52 por cento (%) da população idosa beneficiou de pensão social, reforçamos salário mínimo, aumentamos a base de salário de toda população cabo-verdiana, desbloqueamos 37 carreiras profissionais”, exemplificou, acrescentando que a taxa de desemprego também diminui de 15 para 8%.

Em contramão, o líder do grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), João Baptista Pereira, disse que os cabo-verdianos estão muito atentos e sabem que as declarações políticas não mudam a realidade do país diante das promessas pomposas que o MpD fez.

Segundo o político, Ulisses Correia e Silva (primeiro-ministro) garantiu segurança a todos os cabo-verdianos, mas é preciso perguntar às pessoas se o país está mais seguro.

“É basta perguntar em Achada Santo António e em vários bairros na cidade da Praia, e também em São Vicente, onde fazem manifestação, se há segurança neste país”, questionou acrescentando ainda que o Governo falhou nas promessas sobre os transportes marítimos e aéreos, foi “incompetente na questão de privatizações” porque “vende empresas, mas é o próprio Governo a pagar”.

Por sua vez, o líder da bancada da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) disse que o amor aos partidos impede que os sujeitos políticos reconheçam a realidade do país.

“Quando se amam partidos, por mais que eles façam asneiras, dificilmente os amantes destes partidos irão reconhecer que, de facto, esses partidos estão a agir mal. Isto acaba por incomodar e criar grandes dificuldades à população cabo-verdiana”, opinou.

Segundo António Monteiro, o inquérito sobre o mercado de trabalho divulgado há alguns dias mostra que se perdeu 12.666 empregos no país. Por isso, há menos pessoas a trabalhar, independentemente de o índice de desemprego estar a 8%.

“Temos menos pessoas a trabalhar, comparando com 2021, há cerca de três anos. O país tem, de facto, um crescimento económico, mas este crescimento não está a atingir a todos na mesma dimensão”, considerou o líder parlamentar da UCID para quem “a riqueza que o país produz está a ser distribuída de forma muito errada”.

CD/CP

Inforpress/Fim

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