PAICV denúncia ausência da TCV em São Nicolau e precariedade laboral dos jornalistas

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PAICV denúncia ausência da TCV em São Nicolau e precariedade laboral dos jornalistas
10/10/25 - 02:37 pm

Cidade da Praia, 10 Out (Inforpress) – O deputado do PAICV Hipólito Barreto manifestou hoje, na Praia, preocupação com a prolongada ausência de cobertura jornalística da Televisão de Cabo Verde (TCV), em São Nicolau, e denunciou a precariedade laboral vivida pelos profissionais.

Em conferência de imprensa, o parlamentar sublinhou que a única jornalista destacada para a ilha foi “demitida em pleno estado de gravidez, sem esclarecimento público das autoridades competentes”, acto que considera eticamente questionável e que levanta dúvidas sobre os critérios adoptados.

“Desde então, a ilha está sem correspondente responsável pela cobertura televisiva e telefónica (…) A ilha deixou de ter presença regular nos telejornais nacionais, apesar da realização de diversas actividades sociais, culturais, económicas, políticas e institucionais que não têm qualquer visibilidade nacional”, reforçou.

No município da Ribeira Brava, advertiu Hipólito Barreto, a situação é “ainda mais grave”, uma vez que “há cerca de cinco meses nem correspondente existe”.

Segundo o mesmo, este cenário alimenta um “sentimento de exclusão e discriminação” por parte da população local.

O parlamentar denunciou ainda as “péssimas condições” de trabalho enfrentadas pelos profissionais, afirmando que muitos prestam serviço sem estarem inscritos no INPS, sem subsídios, sem direitos sociais e com contratos precários.

Acrescentou que a delegação da RTC na Ribeira Brava “está fechada a sete chaves, sem explicações”, enquanto no Tarrafal não existe espaço próprio e o jornalista não tem transporte nem subsídio para se deslocar atrás da informação, ficando à “mercê de uma boleia”.

“O jornalista não pode estar no sofá à espera. Tem de correr atrás da informação. Como fazê-lo sem recursos financeiros e materiais? O Governo, assim, adoece qualquer profissional”, afirmou.

Hipólito Barreto elogiou, por outro lado, o trabalho exemplar da jornalista demitida e do correspondente da Rádio de Cabo Verde (RCV) no concelho do Tarrafal, que ao longo dos últimos quatro anos “tem exercido as suas funções com dedicação e profissionalismo, elevando o nome de São Nicolau além-fronteiras”.

Questionou por que razão o correspondente da RCV não estaria a também assegurar a componente televisiva, dado o seu “profundo” conhecimento da realidade da ilha e a “competência” já demonstrada.

“O povo de São Nicolau quer sentir-se representado e incluído no espaço mediático nacional. Muitos questionam se São Nicolau ainda faz parte deste país”, alertou.

Perante este cenário, Hipólito Barreto exigiu um posicionamento do Governo e medidas “urgentes” para restabelecer a cobertura televisiva da TCV em São Nicolau e nomear correspondentes para a televisão e para a Rádio Nacional na Ribeira Brava.

O parlamentar denunciou também a falta de sinal da Televisão Digital Terrestre (TDT) em várias localidades da ilha, considerando que tal constitui uma violação do direito constitucional à informação.

“São Nicolau também é Cabo Verde. A comunicação social é um dos pilares da democracia. Quando o cidadão não recebe nem pode dar informação, não sabe como o país está a ser gerido, nem como são gastos os recursos públicos. O exercício pleno da democracia está muito aquém do desejado”, criticou, atribuindo a responsabilidade às “más políticas da actual governação”.

TC/HF

Inforpress/Fim

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