
Londres, 28 Dez (Iforpress) - As necessidades de financiamento da África subsaariana, onde está a maior parte dos países lusófonos, vão subir 28,2%, de 67,2 mil milhões de dólares, em 2024, para 86,2 mil milhões em 2029, estima a consultora BMI.
"Prevemos que as necessidades de financiamento da África subsaariana em dólares vão aumentar, de uns estimados 67,2 mil milhões de dólares [57,1 mil milhões de euros], em 2024, para 86,2 mil milhões de dólares [73,3 mil milhões de euros] em 2029, apesar de o défice orçamental melhorar de 3,7% para 3% do PIB neste período", escrevem os analistas.
Numa nota enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, esta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings escreve que dos mais de 19 mil milhões de dólares, cerca de 16 mil milhões de euros, que vão ser necessários para equilibrar os orçamentos e servir a dívida, "8,9 mil milhões de dólares [7,5 mil milhões de euros] irão para países que não estão entre as cinco principais economias da região", que são África do Sul, Nigéria, Angola, Quénia e Gana.
Num contexto de escassez da ajuda tradicional e com as taxas de juro ainda elevadas para emissões de dívida internacional, a BMI prevê também que o Fundo Monetário Internacional (FMI) não aumente significativamente o financiamento no próximo ano e que os mercados internos não consigam garantir a liquidez de que os governos africanos precisam para financiar o desenvolvimento económico.
Neste contexto, os analistas salientam que a diversificação das fontes de financiamento será o eixo condutor da política dos Estados africanos nos próximos anos: "Antevemos que os governos da África subsaariana procurem novos instrumentos financeiros nos próximos anos, nomeadamente cinco que acreditamos vão tornar-se mais comuns a médio prazo".
Para a BMI, a emissão de títulos de dívida pública noutras moedas que não o euro ou o dólar, títulos ligados às matérias-primas ou à sustentabilidade, títulos de dívida 'sharia' ou 'sukuk', ou seja, cumprindo as leis islâmicas, títulos dirigidos à diáspora e, por último, emissões dirigidas para objetivos sociais, ambientais e de governação (ESG, na sigla em inglês), vão tornar-se mais comuns.
"Um conjunto de financiamentos mais diversificado oferece oportunidades e benefícios significativos para os governos da África subsaariana; ao recorrer a instrumentos como dívida não denominada em dólares americanos, 'sukuk' e obrigações da diáspora, os governos podem alargar a sua base de investidores para incluir mercados asiáticos, fundos financeiros islâmicos e investidores de retalho da diáspora", argumentam os analistas.
Esta diversificação, continuam, "pode ajudar a reduzir a dependência de instrumentos denominados em dólares, diminuir os custos médios de financiamento e prolongar os prazos de vencimento", além de "alinhar as estratégias de financiamento com as prioridades políticas, tais como a adaptação climática ou o desenvolvimento de infraestruturas".
No entanto, concluem, a diversificação das fontes de financiamento também traz alguns riscos, entre os quais estão a dificuldade de reestruturar a dívida devido à multiplicidade de credores, as pressões na gestão cambial decorrentes de emissões em várias moedas, e os elevados requisitos de governação e reporte no caso das emissões 'sukuk', além da dificuldade acrescida da gestão do relacionamento com investidores de diferentes geografias.
Inforpress/Lusa
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