Lantuna apela a parceria e reforço das acções para a protecção da garça Vermelha

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Lantuna apela a parceria e reforço das acções para a protecção da garça Vermelha
27/08/25 - 04:57 pm

Tarrafal, Santiago, 27 Ago (Inforpress) – A Associação Lantuna reforçou hoje o apelo a uma parceria entre todos para a protecção da garça-vermelha (Ardea purpurea bournei) uma ave endémica da ilha de Santiago e ameaçada de extinção.

Samir Martins, técnico e coordenador do projecto Garça-vermelha, explicou que esta é uma espécie que em Cabo Verde existe somente em Santiago e que se encontra “criticamente ameaçada” devido à captura e à recolha dos seus ovos, práticas que comprometem a sobrevivência das colónias.

Segundo o ambientalista, além das ameaças humanas, principalmente nesta época em que os tanques se encontram na sua maioria com água, as garças-vermelhas morrem muitas vezes nestas águas paradas.

Neste quesito, por serem muitos deles propriedades do Governo, sugere que sejam criadas alternativas para alguma cobertura, evitando assim a morte desta espécie, mas que também já resolveria outra reivindicação dos moradores nos arredores dos tanques que sofrem todos os anos com a morte de várias pessoas por afogamento.

Até então, informou o técnico, já identificaram cerca de 18 ninhos, embora não tenham um número certo de indivíduos, porque as colónias não têm um número fixo, variando de dois casais até oito.

Para a preservação desta espécie, Samir Martins evidenciou que a associação não tem medido esforços, tendo realizado várias acções de sensibilização nas comunidades, mas também actividades com as crianças para tentar coloca-las do lado da preservação e assim estes sensibilizam os adultos.

Actualmente, estas colónias estão distribuídas principalmente na região de Santiago Norte, desde o município de São Domingos até o Tarrafal de Santiago, localizadas em zonas mais verdes e arborizadas.

A associação tem realizado um trabalho de monitoramento que, conforme o ambientalista, envolve a contagem de casais e ninhos, a observação do que há nos ninhos (se são crias ou ovos), além da identificação de ameaças locais.

“Estamos também à procura de novas colónias, conversando com as comunidades locais e buscando vestígios deixados pela espécie”, explicou o ambientalista.

Quanto à monitorização e à identificação das colónias, sublinhou que são feitas por métodos não invasivos, utilizando binóculos e drones em áreas de difícil acesso e que, nos locais onde conseguem ter acesso, são feitas de forma cautelosa para evitar o abandono dos ninhos.

Samir Martins reforçou que estão a colocar máquinas em alguns ninhos, mas também gravadores para poderem analisar e estudar bem cada uma dessas aves.

Além do monitoramento, a Lantuna está a investir fortemente em acções de sensibilização junto às escolas, agricultores e comunidades próximas, tendo como foco consciencializar as pessoas sobre a importância ecológica da garça-vermelha, que desempenha um papel fundamental no controlo de pragas agrícolas, nomeadamente, ratos e gafanhotos.

As campanhas também buscam desencorajar a captura e a invasão de ninhos, práticas que representam sérias ameaças à sobrevivência da espécie.

Samir Martins enfatizou que a Lantuna continuará a trabalhar para proteger esta ave única de Santiago, destacando que a destruição dos “habitats” e a captura são “crimes graves” que põem em risco a existência da garça-vermelha e, portanto, precisam ser combatidos com urgência para garantir a preservação dessa espécie que é “um símbolo” da biodiversidade de Cabo Verde.

MC/HF

Inforpress/Fim

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