Cidade da Praia,11 Jun (Inforpress) - O membro da Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento (ADAD), Daniel Xavier, pediu hoje ao Governo para responsabilizar com coimas as pessoas que continuam a praticar queimadas nos terrenos para agricultura.
O apelo foi feito em entrevista à Inforpress, sobretudo nesta época em que muitos agricultores vão iniciar a faina agrícola, ocasião em que são praticadas esses actos de queimadas nas parcelas para agricultura.
Segundo Daniel Xavier, as queimadas, além de prejudicar o meio ambiente, danificam o solo, reforçando que o mesmo acontece quando ocorrem incêndios que devastam áreas florestais, o que, nos últimos anos, têm causado vários prejuízos.
“É uma prática utilizada por ser mais barata, mas com consequências bastante nefastas para o sector da agricultura. Há queimadas que são originárias de acções acidentais quando os agricultores estão a fazer as roças, mas outros são colocados intencionalmente”, afirmou, assegurando que isso tem trazido prejuízos a nível dos gastos e que é preciso de “medidas mais enérgicas”.
Por isso, apelou ao Governo para a criação de medidas e leis que regulem a prática da utilização de fogos no país, são “essenciais para colmatar esta situação”.
A nível ambiental, disse que esta prática traz “várias consequências negativas”, como a perda da biodiversidade, as mudanças climáticas, a perda de recursos hídricos e a intensificação dos desastres e catástrofes naturais.
Como medidas, sugeriu uma aposta na educação ambiental e no combate à impunidade das pessoas, sublinhando que isto é fundamental para aumentar a conscientização das pessoas.
Conforme Daniel Xavier, é preciso não só trabalhar na educação e na conscientização das pessoas, mas também associar essas medidas educativas a medidas coercivas para combater este flagelo.
“É um trabalho que deve ser feito permanentemente, preparar as organizações e associações locais, capacitar os agricultores ou seja é preciso estar mais próximo da população”, disse, chamando a atenção das autoridades que este é um trabalho a ser desenvolvido ao longo do ano e não somente na época da preparação do ano agrícola.
Para a mudança de atitude, considerou o especialista, leva o seu tempo, mas disse acreditar que as apostas nessas medidas contribuem para reduzir este fenómeno no país com resultados positivos.
A mesma fonte frisou que a ADAD tem estado a trabalhar com parceiros e governos para que juntos possam contribuir para consciencializar as pessoas sobre esta prática.
Realçou que tem contribuído com campanhas de plantação e reflorestação e campanha de sensibilização, entre outras iniciativas.
Na altura da preparação dos terrenos para agricultura, o ambientalista aconselhou aos agricultores que façam uma conservação de todo o material forrageiro recolhido nos campos, lamentando que em Cabo Verde ainda haja pessoas que continuam a fazer este acto.
Apelou aos agricultores para preparem o solo com cautela e que primam pela conservação do solo, para evitar a erosão.
O Governo, através do Ministério da Agricultura e Ambiente, tem estado a sensibilizar os agricultores que a queimada contribui para eliminar os restos vegetais que ajudam na formação da matéria orgânica do solo e ainda prejudicam a qualidade do ar pela libertação de gases que contribuem para o aquecimento global.
Além do seu impacto no aquecimento global, as queimadas e os incêndios são também nefastos para a saúde humana, devido à emissão do chamado “carbono negro”, uma componente das partículas finas que se infiltra nos pulmões e “aumenta significativamente” o risco de morte por doenças cardiorrespiratórias, AVC e cancro, além de provocar alterações de comportamento nas crianças.
DG/AA
Inforpress/Fim
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