Jornalista propõe criação de observatório que meça “saúde” da liberdade de imprensa no país (c/áudio)

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Jornalista propõe criação de observatório que meça “saúde” da liberdade de imprensa no país (c/áudio)
02/05/25 - 04:00 pm

Cidade da Praia, 02 Mai (Inforpress) – O jornalista Carlos Santos, da RCV, defendeu hoje a criação de um observatório que meça, diariamente, a “saúde” da liberdade de imprensa em Cabo Verde e produza um relatório, identificando e propondo soluções para os problemas.

Essa sugestão foi feita por Carlos Santos momento antes de participar no debate sobre as “Ameaças e Intimidações: Como Proteger os Jornalistas cabo-verdianos”, no âmbito da Conferência Nacional sobre Liberdade de Imprensa, promovida pela AJOC, no quadro das comemorações do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado no dia 03 do corrente mês.

Para o jornalista, a Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) poderia, juntamente com personalidades e com as Universidades, criar este observatório que vai servir para identificar os problemas a nível da liberdade de imprensa identificados todos os anos pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

Por outro lado, assegurou que a AJOC precisa melhorar o seu desempenho e que reforce a sua vertente mais de sindicato, de reivindicação, de defesa dos direitos laborais, considerando que isso é “importante”.

“Nós temos tido a AJOC que foi uma associação de jornalistas, evoluiu para um sindicato, mas que em muitos aspectos continua a ser uma mera associação de jornalistas, que faz workshops e conferências, claro que tem vindo ao público sempre que se mostrar necessário para defender os jornalistas, para levantar a voz contra os ataques aos jornalistas e para a defesa da liberdade de imprensa. Mas é preciso mais", enfatizou.

Defendeu que a AJOC tem de estar presente nas empresas, nos órgãos de comunicação social, através dos delegados sindicais “os olhos e ouvidos”.

Carlos Santos defendeu ainda, a criação de um fundo de apoio jurídico aos jornalistas, com o objectivo de defender os jornalistas quando são constituídos arguidos e precisam de advogado.

“Às vezes são muitos processos que o jornalista terá de responder e a própria empresa não tem esses recursos para indemnizar, se for o caso disso, digamos, os queixosos, portanto tem que haver um fundo de apoio jurídico na defesa dos jornalistas”, sugeriu.

Quanto à liberdade de imprensa, afirmou que a classificação de Cabo Verde tem vindo a oscilar, porque às vezes sobe e desce, mas considerou que Cabo Verde ao subir 11 posições no 'ranking' da liberdade de imprensa é “meritório”, e que é uma “vitória” não só dos jornalistas, mas também de todo o povo cabo-verdiano que tem suportado o jornalismo livre em Cabo Verde.

Apesar desta posição, questiona porque ainda o país continua a ter a questão da auto-censura apontada no relatório da RSF, porque é que não há um quadro substancial e transparente de financiamento dos órgãos de comunicação social, os privados, sobretudo a própria independência dos órgãos públicos.

Disse que estas questões são um conjunto de reparos que a RSF tem feito nos últimos tempos e que Cabo Verde já deveria ter todos estes problemas resolvidos.

Por isso, realçou a importância deste tema “Ameaças e Intimidações” para o debate, afirmando que os jornalistas estão a ser alvos de “ameaças e de intimidações”, sobretudo com o advento das redes sociais.

“Antes, esse escrutínio do trabalho de jornalistas era feito por cidadãos ou através de artigos nos jornais, cartas aos directores. Neste momento, todas as pessoas têm uma ferramenta e podem rapidamente criticar e pode enxovalhar os jornalistas”, observou.

Continuou declarando que Cabo Verde é um país onde os níveis de auto-censura são “elevados” e que todos os relatórios da RSF têm demonstrado que, de facto, o país está a “falhar” nesta questão.

“Temos notado infelizmente, que as instituições não estão a actuar. Os jornalistas têm medo, nós temos que dizer isso, há muito medo infiltrado no seio dos jornalistas”, disse, destacando que é preciso ser visto quais os mecanismos de protecção podem ser adoptados para proteger os jornalistas.

DG/HF

Inforpress/Fim

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