
Ponta do Sol, 12 Dez (Inforpress) – O ministro do Mar disse hoje que Cabo Verde “ainda não conhece o seu fundo do mar”, defendendo o reforço da investigação oceanográfica, mapeamento das profundidades e capacidade tecnológica nacional para garantir um conhecimento efectivo do território marítimo.
Jorge Santos, que presidia à abertura das jornadas Técnico-Científicas do Instituto do Mar (IMar), em Ponta do Sol, sublinhou que, apesar de o País dispor de 734 mil quilómetros quadrados de área oceânica, permanece um grande défice de informação científica sobre o que existe “lá em baixo”.
“Dizemos que Cabo Verde é um grande Estado oceânico, mas qual é, de facto, o conhecimento que temos do fundo do mar? Nós ainda não conseguimos mapear o nosso mar”, afirmou, lembrando que o oceano alberga tanto recursos vivos como recursos não vivos, incluindo minerais e haliêuticos, cuja exploração sustentável exige estudos aprofundados.
Jorge Santos afirmou que o mapeamento depende de tecnologia avançada, equipamentos específicos e participação activa em redes internacionais de investigação, realçando o papel estratégico do IMar na produção de conhecimento oceanográfico e nas campanhas científicas.
O ministro apontou como passo decisivo a aprovação do Centro de Excelência de Oceanografia de Cabo Verde, apresentado pelo IMar no Encontro dos Oceanos, em Nice, França, e que já conta com parceiros internacionais empenhados no seu desenvolvimento.
“Será o início de uma nova etapa no conhecimento do nosso mar”, disse.
Segundo o ministro, do Mar Cabo Verde não pode ficar dependente de estudos conduzidos por potências estrangeiras.
“Não podemos esperar que americanos, alemães, sauditas, chineses ou sul-africanos venham estudar o nosso mar. Temos de criar as nossas próprias condições, ter os nossos equipamentos e participar nas campanhas oceanográficas internacionais”, defendeu.
Entre os investimentos em curso, Jorge Santos revelou que o IMar está a avançar com a aquisição de um navio oceanográfico de exploração de alto mar, considerado o maior projecto da instituição, e que deverá ser concretizado através de parcerias regionais, nomeadamente na África Ocidental.
As jornadas Técnico-Científica do IMar prosseguem até sábado, reunindo especialistas e actores locais em debates, apresentações científicas e trabalhos orientados para a definição de prioridades estratégicas para a economia azul em Cabo Verde.
LFS/ZS
Inforpress/Fim
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