Mindelo, 05 Jul (Inforpress) – A comemoração dos 49 anos da independência está a ser vivida sem qualquer actividade oficial em São Vicente, uma situação que causa alguma estranheza à UCID, enquanto que o PAICV refere a “tentativa de silenciamento”.
As únicas actividades que marcaram mais este aniversário da independência, no Mindelo, foram uma conversa aberta e inauguração de uma exposição, realizadas em conjunto pelo Ministério da Cultura e da Indústrias Criativas e pelo Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, que aconteceu na terça-feira, 02, e o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), realizou na noite de quinta-feira, 04, um baile de conjunto.
Entretanto, hoje, 05 de Julho, não há qualquer evento, nem a nível oficial, nem da parte da sociedade civil, algo que o presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), João Santos Luís, acredita ser “estranho”.
“Aos 49 anos estamos a deparar que não há nenhuma actividade para celebração deste dia que consideramos histórico para o País e, portanto, não entendemos a atitude, tanto da câmara municipal, como do Governo nesta matéria”, considerou.
Questionado se há algum descaso com a data, o líder da UCID admitiu ser “quase isso” já que os políticos parecem estar mais preocupados com período de pré-campanha eleitoral e “esqueceram-se desta importante data que simboliza e lembra o dia em que o País se tornou independente e começou a andar pelos próprios pés”.
Focando mais no poder local, João Santos Luís criticou ainda o facto de a Câmara Municipal de São Vicente ter comemorado nos últimos dias com “pompa e circunstância” o São João e o São Pedro, mas a independência “ficou no vazio”.
Quem também apontou essa “discriminação” é o presidente da Comissão Política Regional do PAICV em São Vicente, Adilson Graça Jesus, que lembrou que não é a primeira vez que o 05 de Julho está a passar em branco na ilha onde os poderes institucionais são “dominados” pelo Movimento para a Democracia (MpD, poder).
“É uma situação de alguma desilusão, de alguma frustração por parte de pessoas que até já se manifestaram ao PAICV. Isso tem acontecido há vários anos e é como se estivessem a minimizar a data, uma tentativa de passar uma borracha, de silenciar uma data tão importante em que Cabo Verde se formou como Estado”, criticou, apontando o dedo tanto à edilidade como ao Governo.
Adilson Jesus criticou ainda o porquê de se ter gasto “rios de dinheiro” nas comemorações das últimas festas de romaria e não se dividiu o esforço financeiro para o 05 de Julho, que, a seu ver, poderia ser assinalado com algum evento, por exemplo, na Rua Libertadores de África, a comumente conhecida Rua de Lisboa.
“A Rua de Lisboa há muito tempo deixou de ser um ponto de encontro de cabo-verdianos e de outras pessoas que vivem em São Vicente para as comemorações de 05 de Julho, a Independência Nacional deixou de ser uma referência em Cabo Verde e em São Vicente mais ainda”, reiterou.
Contudo, o responsável do PAICV na ilha almejou que nos próximos anos as instituições da República tenham uma outra atitude.
A Inforpress tentou também a reacção por telefone da presidente da Comissão Concelhia do MpD, Helena Fortes, que prometeu retornar a chamada, mas até o fecho da matéria tal não aconteceu.
LN/HF
Inforpress/Fim
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