Espargos, 19 Mai (Inforpress) – O Sindicato Nacional da Polícia Nacional (SINAPOL) expressou hoje “veemente preocupação” com a crescente onda de processos disciplinares contra seus dirigentes, denunciando intimidação e desproporcionalidade das medidas aplicadas.
A organização sindical, em um comunicado enviado à Inforpress nesta segunda-feira pelo seu presidente, Rufino Lima, manifestou a sua apreensão face ao número de processos disciplinares instaurados pela Direção da Polícia Nacional contra membros da sua direcção.
O SINAPOL detalhou casos específicos, começando pelo processo movido contra o seu vice-presidente para a região norte (Santo Antão e São Vicente).
Segundo o sindicato, apesar de o processo assentar em factos considerados "ilegítimos", o dirigente foi alvo de medidas cautelares consideradas "desajustadas" e "humilhantes", incluindo a suspensão de funções e a obrigatoriedade de entregar farda, armamento e cartão policial.
O SINAPOL salientou que, apesar do "excesso de aparato" com o intuito de intimidar o vice-presidente, o processo disciplinar foi devolvido para correção de "erros e omissões basilares".
O comunicado abordou também a situação do vice-presidente para a região sul (Fogo e Brava), que enfrentou um primeiro processo disciplinar arquivado por ser considerado "fútil".
O SINAPOL denunciou que, de forma "insaciável", a instituição encontrou outro motivo, qual seja, uma disputa por um lugar de estacionamento com sombra, envolvendo uma pessoa alegadamente próxima das chefias centrais.
O sindicato criticou o facto de a Direção Nacional ter ignorado as lideranças regionais no Fogo ao instaurar mais um processo contra o seu vice-presidente por esta questão "ridícula".
Conforme o documento, o SINAPOL tem visitado colegas e associados em todo o país, reiterando que não compactua com a impunidade e que todos os membros da classe policial devem observar os deveres estatutários, bem como os princípios éticos e morais.
No entanto, o sindicato declarou que não pode permanecer em silêncio perante os "exageros habituais da cúpula da Polícia", na esperança de um dia encontrar equilíbrio entre a infração e a punição.
Diante desta situação, o SINAPOL apelou à Direção Nacional da Polícia Nacional para uma profunda reflexão, questionando a necessidade do envio de uma equipa de oficiais da Praia para investigar uma questão "tão ínfima" no Fogo, ignorando os seis ou sete oficiais do Comando Regional do Fogo, aos quais o sindicato expressou solidariedade.
O sindicato recordou o desafio lançado pelo ministro da tutela ao novo Director Nacional da Polícia Nacional (DNPN) para encetar mudanças, apelando para que seja "desmontada" a alegada "cooperativa" que permite deslocações frequentes e dispendiosas de oficiais da Praia, constituindo um "claro desperdício dos recursos do erário público".
Concluiu exortando ainda a direção a trabalhar na “mudança de mentalidades” daqueles que veem uma “simples infração” como uma oportunidade para "destroçar" pessoas e famílias.
A organização sindical defende que o foco da instituição deve ser a prevenção da criminalidade no país, e não a instauração de processos disciplinares com um "sentido de atroz".
NA/JMV
Inforpress/Fim
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