Espargos, 17 Fev (Inforpress) – Os salenses voltaram hoje a apelar às autoridades competentes na ilha por medidas “urgentes e definitivas” para o problema da queima de resíduos sólidos na lixeira municipal e pela consequente enchente de moscas por toda a ilha.
O apelo partiu de munícipes que se dizem “cansados” de um problema “que não é de hoje” e que tem colocado em causa a saúde pública da população e a própria imagem da ilha mais turística de Cabo Verde.
Conforme a cidadão Alicia Brito, que trabalha no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral (AIAM), uma das paragens que mais sofre quando há incêndios na lixeira municipal, tem sido “insuportável” trabalhar no aeroporto, já que a direcção do vento que sopra normalmente na ilha, leva de tudo para estas bandas.
“No aeroporto do Sal, conforme a direcção do vento, tem dias que é insuportável respirar mesmo estando dentro de uma sala com portas fechadas e o mesmo acontece em relação às moscas neste último mês, deparamos com uma enchente deste insecto que tem dificultado o trabalho e a circulação na zona do aeroporto”, desabafou.
Para a mesma fonte, a base para todos esses problemas mencionados tem a ver com a localização da lixeira municipal, que fica a poucos quilómetros da cidade, o que, a seu ver, “já passou da hora de quem de direito procurar soluções urgentes”.
“Acho que no momento, a câmara municipal deveria procurar um outro sítio para deslocar a lixeira, que fica a poucos metros do próprio hospital regional, portanto podemos imaginar o que os doentes e os funcionários estão a passar aí, tanto com essa fumaça da queima de lixo como das moscas que estão em todo lugar”, sustentou.
“Esta situação é do conhecimento de todos há muito tem e há muito tempo temos vindo a falar desse assunto o que já deveria ter um trabalho já feito neste sentido, porque não é um local adequado para uma lixeira, colocando em causa a saúde pública”, concluiu a munícipe Alicia Brito, para quem esta é uma situação que coloca em causa o destino turístico Sal.
Por seu lado, Osvaldino Cruz, outro munícipe do Sal, frisou que essa situação já vem se “arrastando”, há mais de dois anos e só na última semana que a Aeronáutica Civil reuniu com a autarquia salense para discutir o assunto, que, a seu ver, “há muito poderia estar resolvido”.
“Tenho documentado só em Setembro do ano passado três incêndios, um em finais de Outubro e neste ano já documentei mais dois incêndios na lixeira municipal e só agora a Aeronáutica Civil resolve aparecer, e porque não o Ministério do Ambiente, com equipes preparadas para lidar com este problema e apresentar soluções”, sublinhou.
“Durante um debate para as eleições autárquicas de Dezembro passado, o actual autarca salense, Júlio Lopes, falou em cerca de 400 mil contos para um aterro sanitário a norte da ilha, e num outro momento da “Entrevista eu proponho”, o mesmo falou em ver junto do Governo sobre o problema, mas em nenhum momento falou em soluções”, continuou.
Segundo a mesma fonte, neste momento, a câmara anunciou que está a localizar um espaço para o aterro sanitário, mesmo depois de em outros momentos “ter dito que já havia soluções em vista” para o problema da lixeira de Morrinho de Carvão.
“Perguntamos onde está o projecto e quem são os especialistas para analisar a questão de um aterro sanitário, porque na ilha temos uma lixeira a céu aberto e não um aterro (…) e pelas palavra do vereador pela área, a ilha produz diariamente cerca de 200 toneladas de lixo, ou seja se não fosse esses incêndios teríamos prédios de lixos na ilha”, questionou.
Neste sentido, voltou a questionar a não tomada de medidas por parte da edilidade para com a questão dos incêndios, garantindo que se trata de fogo posto.
“Se a câmara do Sal tem interesse em acabar com os fogos postos, e não podendo mover a lixeira deste local no momento, seria ideal procurar soluções para garantir a segurança deste espaço, com câmaras de vigilância, guardas e cerca para evitar que pessoas entrem no local”, continuou.
Osvaldino Cruz concluiu lembrando que se trata de uma questão de saúde pública, destacando que é preciso, para além de resolver o problema da lixeira, começar também a trabalhar a mentalidade das pessoas para a questão da separação adequada do lixo, para quando for construído um novo aterro sanitário.
De recordar que na passada sexta-feira, o vereador responsável pela pasta do saneamento na ilha, Francisco Correia, em uma reunião entre a autarquia, técnicos municipais e representantes da Agência de Aviação Civil (AAC), comprometeu-se em buscar soluções “urgentes e definitivas”, para resolver o problema da lixeira municipal.
Na ocasião aproveitou para fazer um apelo à colaboração de entidades públicas e privadas no sentido de fazer um verdadeiro “djunta mon”, (unir as mãos em português), para mitigar os impactos ambientais e encontrar uma solução sustentável para o destino final dos resíduos no município.
NA/ZS
Inforpress/Fim
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