Igreja Católica está a dar os primeiros passos para a tradução da bíblia em língua cabo-verdiana

Cidade da Praia, 11 Jun (Inforpress) – A Igreja Católica está a dar os primeiros passos para a tradução da bíblia em língua cabo-verdiana (crioulo), revelaram hoje os bispos de Santiago e de Mindelo, respectivamente, Dom Arlindo Furtado e Dom Ildo Fortes.

Os responsáveis máximos da Igreja Católica em Cabo Verde defendem que, quando a mensagem de Cristo é “comunicada na nossa própria língua, o impacto é outro”.

“O impacto é outro, porque temos melhores condições de absorção da complexidade, da intensidade, da importância da mensagem que nós recebemos”, sublinharam os prelados, acrescentando que a mensagem transmitida na própria língua tem “intensidade de aliança, de comunhão, de sintonia”, além de “muito mais exequível e expectável”.

Os dois responsáveis religiosos fizeram esta revelação numa conferência de imprensa, em que fizeram o balanço do II Encontro Nacional dos Bispos de Cabo Verde, que decorreu durante dois dias na Cidade da Praia.

Para a tradução da bíblia, acrescentaram, vai ser criado um grupo de trabalho integrado por religiosos, mas também por leigos especialistas em matéria da língua materna.

Instado sobre uma possível visita do Papa Leão XIV a Cabo Verde, o bispo de Santiago disse que tem uma “forte esperança” que o mais alto responsável da Igreja Católica, recentemente eleito, virá a Cabo Verde.

“Estou convencido de que a história de Cabo Verde, a importância de Cabo Verde na África e a agenda do Papa Francisco, que previa essa vinda, tudo isso vai estimular o novo Papa a visitar-nos quando ele achar oportuno”, afirmou o cardeal Dom Arlindo Furtado, para quem essa visita será sempre em diálogo com as autoridades cabo-verdianas e com a Igreja.

Ainda a propósito de uma deslocação de Leão XIV ao arquipélago, o cardeal explicou que isto ainda nem começou a ser tratado, mas espera que venha a acontecer.

Os dois bispos acreditam que, pelo menos em 2033, Leão XIV poderá visitar o arquipélago, para efectivar o que o seu antecessor Francisco havia prometido.

O cardeal Dom Arlindo lembrou que o falecido Papa Francisco tinha na sua agenda uma visita a Cabo Verde.

“Ele [Papa Francisco] me informou pessoalmente e depois um assessor dele também me abordou, em particular, a dizer que estavam a preparar a agenda para uma visita a Cabo Verde”, frisou Dom Arlindo.

Durante o encontro, os dois bispos analisaram também a necessidade de a linguagem utilizada nas actividades religiosas ser “acessível”, de modo que, segundo eles, todos possam entender a mensagem.

Dados recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que 15% da população mostra-se indiferente às religiões.

Perguntado que a Igreja Católica pensa fazer para inverter esta situação, Dom Arlindo foi peremptório: “Estou convencido que estes 15% procedem, em grande parte, da Revolução de Abril, que culminou com a Independência Nacional, com a influência de ideologia, digamos, agnóstica”.

De acordo com Dom Arlindo, foi depois de 25 de Abril que a classe média alta se afastou da Igreja.

“Agora, muitos estão a voltar. Mas os filhos não foram catequizados”, pontuou, acrescentando que estas gerações ficaram com uma “visão muito parcial da realidade histórica daquilo que foi a Igreja e de que é a Igreja hoje e sempre”.

Na sua perspectiva, a Escola Universitária Católica recém-criada   pode ser um instrumento de reflexão e de aprofundamento de questões existenciais que levarão parte dessa gente a questionar-se sobre qual é o melhor caminho que deve dar à sua vida.

As escolas católicas, sublinhou o prelado, “muito procuradas hoje até pelas nossas elites”, pela excelência do ensino e educação que transmitem, poderão também levar as pessoas a desbravar bloqueios.

Pela qualidade da educação que recebem nas escolas católicas, as pessoas podem começar a pensar que, afinal, “não é tão má como antes tinham ouvido falar".

LC/HF

Inforpress/Fim