
São Filipe, 29 Out (Inforpress) – O conselho de administração da Empresa Intermunicipal de Águas (Águabrava) manifestou hoje, através de um comunicado, o seu desagrado com a justificação da EDEC sobre a crise energética na ilha.
“A Águabrava lamenta o teor do comunicado da EDEC, que, infelizmente, se traduz numa manifesta fuga de responsabilidade, perante uma crise energética, que se vem registando na Ilha do Fogo, há mais de quatro semanas e sem qualquer previsão de uma solução imediata”, lê-se no comunicado.
De acordo com a mesma fonte, os cortes diários de energia, que continuam a afectar a ilha e que comprometem particularmente a produção e o fornecimento de água, resultam da avaria de um dos dois maiores grupos eletrogéneos da Central Única da Ilha do Fogo.
A Águabrava considera “infundada a tentativa de associar a situação a supostas dívidas” da Águabrava à EDEC, classificando tal argumento como “demonstração de incapacidade” para garantir a estabilidade e a segurança do fornecimento de energia em toda a ilha.
O comunicado recorda ainda que esta não é a primeira vez que a ilha do Fogo enfrenta uma crise semelhante, referindo que uma avaria idêntica ocorreu há cerca de um ano e meio.
A empresa critica também a forma como a EDEC comunicou a redução do fornecimento de energia para a produção de água, utilizando as redes sociais, o que considera “uma inovação inqualificável”.
A Águabrava sublinha que “é de longe, o maior cliente” da EDEC nas ilhas do Fogo e da Brava e garante que tem cumprido integralmente os pagamentos referentes ao consumo de energia eléctrica ao longo de 2025, “mesmo diante de eventuais situações de sobrefaturação” e apesar das “relevantes perdas financeiras” decorrentes da gestão de águas de rega e pecuária.
O conselho de administração defende que as dívidas cruzadas entre as duas entidades, Águabrava e EDEC, devem ser tratadas “em fórum próprio” e não através das redes sociais, reafirmando a sua disponibilidade para manter o diálogo institucional e encontrar soluções que garantam o normal funcionamento dos serviços essenciais à população da ilha.
A situação de racionalização do fornecimento de energia eléctrica à ilha do Fogo continua, já que um dos dois grupos de maior potência está avariado.
Um gerador enviado da cidade da Praia no último fim-de-semana teve de regressar à capital do país porque não foi possível o seu desembarque em segurança no porto de Vale dos Cavaleiros, de acordo com uma fonte da Central Única.
O barco que tinha transportado o gerador regressou terça-feira à ilha do Fogo, mas sem o gerador, e não se sabe quando será possível a sua chegada e instalação para minimizar a situação da energia, segundo a mesma fonte.
O problema de cortes de energia tem afectado o normal abastecimento de água, mesmo para o consumo humano, e há localidades do município de Santa Catarina do Fogo que estão há mais de três semanas sem águas nas redes.
JR/AA
Inforpress/Fim
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