Estudo preliminar recomenda melhorias das condições no serviço militar para atrair e reter jovens

Cidade da Praia, 03 Jul (Inforpress) – Um estudo preliminar sobre o Serviço Militar Obrigatório em Cabo Verde apresentado hoje, na Praia, recomendou a necessidade de melhorar as condições de prestação de serviço militar para incentivar, atrair e reter mais jovens nas Forças Armadas.

Momentos antes da apresentação da versão preliminar do Estudo para o Reforço do Serviço Militar Obrigatório e a Regulamentação do Serviço Cívico, em declarações à imprensa, o consultor do estudo, o brigadeiro general, Antero Matos, afirmou que o serviço militar padece de "problemas enormes" que dificultam o recrutamento.

Por isso, sublinhou a importância do estudo na implementação de uma política de incentivo para atrair e manter militares nas Forças Armadas, e na busca por políticas públicas que garantam a boa inserção dos jovens no mercado de trabalho após o cumprimento do seu serviço.

O estudo visa também reestruturar o sistema de recrutamento, para o tornar mais justo, equitativo e racional.

Das conclusões tiradas neste estudo preliminar, mencionou que o relacionamento entre os quadros, a forma como os quadros das Forças Armadas recebem e lidam com os jovens que ingressam nas Forças Armadas também, é algo que deve ser trabalhado.

“O problema das inspecções e incorporações, que é o que todos sentem, porque, neste momento as Forças Armadas têm um grave problema de quadros efectivos, na medida em que existe uma fraca afluência dos jovens cabo-verdianos às inspecção e, principalmente, à incorporação”, sublinhou.

Como exemplo, o general referiu que as Forças Armadas necessitam semestralmente de cerca de 400 jovens para incorporação, mas na última incorporação não se atingiu os 300.

“Isso dá uma ideia clara da situação grave no domínio do recrutamento que existe no país”, sustentou, defendendo que é preciso atacar os problemas que afectam essa afluência para que o cumprimento das obrigações militares se torne mais natural.

Para isso, Antero Matos indicou a necessidade de um trabalho a fazer na publicidade das obrigações militares, e um esforço de esclarecimento junto dos jovens, através das escolas, universidades e outros locais onde se concentrem, para que adquirem “maior consciência” das obrigações que devem cumprir.

“Constata-se que, neste momento, muito poucos jovens cumprem as suas obrigações militares e isso dá a impressão que sentem que o não cumprimento das suas obrigações militares é algo natural”, elucidou, reiterando que esta situação "não pode ser normalizada".

O estudo abordou ainda a “muito séria” questão do sistema de recrutamento mais adequado para o país, questionando se deve ser mantido o sistema de Serviço Militar Obrigatório ou se é preciso passar para o sistema de voluntariado.

Antero Matos lembrou que esta é uma discussão antiga em Cabo Verde e as conclusões do estudo apontam para a importância de se tirar o maior proveito possível do sistema de serviço militar obrigatório, que, segundo explicou, oferece garantias que o sistema de voluntariado não consegue dar.

Para finalizar, o consultor apontou uma outra questão fundamental levantada neste estudo que tem a ver com a necessidade de aumentar os incentivos materiais e morais para a atração de jovens para as Forças Armadas.

Além da remuneração, defendeu que o Estado pode apoiar os militares através do Programa Soldado Cidadão, com contribuições para o pagamento de propinas em estabelecimentos de educação superior e em escolas de formação profissional para os jovens que prestam serviço militar obrigatório.

No que diz respeito aos incentivos morais, Antero Matos sugeriu a criação de medalhas específicas para os militares em regime de prestação de serviço mais curto.

DG/CP

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