Cidade da Praia, 17 Jun (Inforpress) – O presidente da ADAD afirmou hoje que a seca e desertificação não é um problema só do Governo, mas também de todos os cabo-verdianos, e que as estratégias no combate desta problemática precisam ser “melhoradas e afinadas”.
Januário Nascimento fez estas afirmações em entrevista à Inforpress, a propósito do Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação, que se assinala esta terça-feira, 17 de Junho, este ano sob o lema "Restauração da Terra: um futuro mais sustentável".
Destacou o trabalho que vem sendo realizado em Cabo Verde na reflorestação desde a independência, mas alertou para a necessidade de se dar mais atenção à plantação de árvores face à diminuição registada.
“Não é só plantar por plantar, torna-se necessário, também, as escolhas das espécies, e ter em conta os terrenos e a conservação dos solos e água. Deve-se dar, igualmente, muita atenção à formação e o trabalho deve ser continuado”, enfatizou, destacando a importância de uma educação ambiental mais robusta para enfrentar a problemática.
Tendo em conta os desafios globais das mudanças climáticas, o presidente da Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento (ADAD) salientou que “é crucial” um esforço conjunto, envolvendo todos os parceiros, na busca de soluções eficazes e sustentáveis.
Questionado se as estratégias adotadas por Cabo Verde no combate à seca e à desertificação têm sido assertivas, Januário Nascimento admitiu que, em parte têm sido bem-sucedidas, mas reiterou que precisam de ser “melhoradas e afinadas”, reforçando que não é um problema exclusivo do Governo.
“Devemos ter o espírito aberto e chamar a sociedade civil para os problemas da seca e da desertificação em Cabo Verde e do ambiente de uma maneira geral. Não é uma questão que se resolve só nos gabinetes, é uma questão também, sobretudo do terreno, mas também mobilizando os parceiros internacionais”, declarou.
Januário Nascimento alertou ainda para as “graves consequências” dos incêndios florestais, tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana, advogando um plano detalhado com acções de sensibilização frequentes nas comunidades.
Apontou, por outro lado, a mobilização da água como um dos principais desafios de Cabo Verde, e que é preciso mais parcerias e uma “estratégia clara” da arrecadação de recursos.
Para assinalar a efeméride, a ADAD tem agendado um conjunto de actividades com destaque para a continuação da apresentação do livro elaborado pela associação sobre seca e desertificação, plantação de árvores, actividades nas escolas, e apresentação do programa “Os embaixadores do clima”.
O Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca é celebrado anualmente, em 17 de Junho. Este dia tem como objectivo consciencializar a opinião pública para esta problemática, cuja principal responsável é a acção humana e consequentes alterações climáticas.
Os ecossistemas de terras secas cobrem mais de um terço da área terrestre do mundo e são extremamente vulneráveis à sobre-exploração. Por sua vez, o inadequado uso e exploração do solo, a pobreza, a instabilidade política, a desflorestação e as más práticas de irrigação são factores que concorrem para a fraca produtividade da terra e para a desertificação.
O Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca foi proclamado pela Resolução 49/115 adoptada na Assembleia Geral das Nações Unidas de 30 de Janeiro de 1995.
CM/CP
Inforpress/Fim
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