“Cabo Verde deve divulgar mais suas valências e apostar em turismo de conteúdo” - especialista em Economia Azul

Inicio | Economia
“Cabo Verde deve divulgar mais suas valências e apostar em turismo de conteúdo” - especialista em Economia Azul
30/04/25 - 12:46 pm

Mindelo, 30 Abr (Inforpress) - O especialista em Economia Azul Gunter Pauli disse que Cabo Verde deve converter a pesquisa do mar em oportunidades e divulgar mais suas valências porque há “segredos do país” que podem potenciar a área do turismo “com conteúdo”.

O especialista falava hoje, no Mindelo, após ser recebido pelo ministro do Mar, Jorge Santos, que aproveitou para falar com o economista sobre a estratégia do país na área da Economia Azul e sobre projectos no mesmo sector.

“Cabo Verde tem muitas oportunidades, mas temos que traduzir essas oportunidades, que são sonhos, numa realidade. O país já tem uma estratégia de economia azul, mas a estratégia tem que traduzir em projectos concretos, num portefólio de oportunidades que podemos implementar”, aconselhou Gunter Pauli.

Para o economista belga, a implementação dessa estratégia precisa de um cliente, que paga, porque não é somente o Governo que tem que pagar tudo. 

“O importante é desenvolver uma economia que tem clientes e, se tem clientes, pode-se mobilizar investimentos. Para mim, o mais importante é que Cabo Verde tem 730 mil quilómetros quadrados de mar, é conhecer a vida no mar, conhecer o ADN, porque vocês têm muitas espécies desconhecidas”, acrescentou Gunter Pauli.

A mesma fonte considerou que o descobrimento do mar “pode alavancar” o turismo de mergulho e o país poderá oferecer dez experiências de mergulho nas dez ilhas, diferente do turismo de sol e praia.

Outra oportunidade que Gunter Pauli consegue vislumbrar no sector da Economia Azul em Cabo Verde é a comunicação, pois, explicou, hoje com as novas tecnologias é possível nadar e se comunicar com outras pessoas na água, através da luz.

“A luz é uma técnica de comunicação. Penso que a estratégia da Economia Azul é uma estratégia de inovação, com muitas surpresas”, lançou.

Questionado como é que Cabo Verde pode conseguir esses financiamentos para materializar projectos de Economia Azul, Gunter Pauli considerou que o país tem que converter pesquisa do mar numa oportunidade.

“Têm que unir um cluster, uma agrupação de diferentes actividades que permitem que tu possas ganhar dinheiro e fazer pesquisa. Não precisamos de novos modelos de negócios, precisamos de novas técnicas, de fazer um serviço ao cliente, pelo qual ele está disposto a pagar, e ao mesmo momento fazer estratégias de conservação do meio ambiente e de fazer o descobrimento da biodiversidade”, recomendou.

Ao falar da impressão que leva de Cabo Verde, após visitar várias ilhas, o economista comparou o país com “uma mulher que ele viu pela primeira vez”, que não sabia que existia, mas que o impressionou pela sua “beleza”

Para ele, Cabo Verde é um país “desconhecido que tem muitos segredos guardados”, mas que precisam ser compartilhados. 

“Ontem [terça-feira, 29] aprendi que a primeira igreja fora da Europa foi construída em Cabo Verde e eu como membro da Fundação do Vaticano não sabia. Vocês transportaram três ou quatro vezes mais escravos do que o Gore, mas não têm a história da escravidão contada no mundo. Esse é um turismo com conteúdo”, finalizou Gunter Pauli, para quem o turismo com conteúdo significa compreender como os piratas, Espanha, Portugal e os ingleses desenvolveram o seu negócio de escravos a partir de Cabo Verde.

CD/AA

Inforpress/Fim 

Partilhar