
Cidade da Praia, 12 Dez (Inforpress) – O director-geral das Telecomunicações e Economia Digital, Milton Cabral, afirmou hoje que Cabo Verde está a viver um “momento decisivo” na transformação digital em que a Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma promessa tecnológica.
Milton Cabral falava na cerimónia de abertura do Workshop Nacional de Avaliação do Panorama de Inteligência Artificial (AILA) realizada no Tech Park, destacando que a IA hoje molda economias, influência democracias, redefine o trabalho e altera profundamente a forma como Estado serve o cidadão.
“A AI vai tornar-nos mais eficientes, vai impulsionar o crescimento económico, vai ajudar a resolver grandes desafios globais. Mas convivemos também com riscos reais como ‘deepfakes’, fraude digital, legitimação de BIOS por algoritmos, perda de confiança e impacto no emprego”, disse, afirmando que nesta matéria o mundo está dividido, sendo que metade abraça a inteligência artificial e outra metade teme-a.
Face a este cenário, Milton Cabral avançou que a questão central para Cabo Verde não é se a IA será adoptada, mas como fazê-la, apesar de reconhecer que para o país a inteligência artificial é uma alavanca estratégica para a desmaterialização da economia por permitir acelerar a transição de um modelo dependente do turismo para uma economia do conhecimento, diversificada e competitiva.
Perante esta leitura, Milton Cabral enfatizou os investimentos em curso que servem de “fundações para uma adoção da Inteligência Artificial responsável, soberana e orientadora do desenvolvimento humano”, ressalvando que “não existe AI confiável sem uma governança de dados sólida”.
“O nosso objectivo é produzir um diagnóstico claro de prontidão nacional, avaliando três pilares essenciais; ecossistema IA, IA para governança, regulação e ética. Este exercício cria uma linha base nacional fundamental para orientar decisões futuras”, ressaltou, lembrando que este é o primeiro passo.
A representante dos Escritórios das Nações Unidas (ONU) em Cabo Verde, Anna Chyzhkova, defendeu que o exercício que está sendo feito constitui “um marco estratégico” para posicionar Cabo Verde na vanguarda de adoção responsável e inclusiva de Inteligência Artificial.
“A Inteligência Artificial deixou de ser um conceito abstrato. Hoje, ela molda economias, transforma a governação e redefine os serviços sociais em escala global. É importante também levar em consideração que a revolução digital cria assimetrias entre regiões e continentes”, observou, realçando que a ausência de uma abordagem estruturada à IA pode ampliar desigualdades.
Explicou ainda que esta missão está alinhada com a visão estratégica do TED, que define a transformação digital como acelerador do desenvolvimento e ajuda o país na ambição de consolidar-se como ‘hub’ tecnológico e digital na África Ocidental.
Para Anna Chyzhkova, lançar a Avaliação de Panorama de Inteligência Artificial, significa reforçar a ambição de Cabo Verde em tornar-se um laboratório regional, tanto nos PALOP como nos Pequenos Estados Insulares, para inovação responsável em inteligência artificial, atraindo investimento, fomentando parcerias tecnológicas e criando um ecossistema favorável ao setor privado.
PC/CP
Inforpress/Fim
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