
Cidade da Praia, 25 Nov (Inforpress) – A ex-primeira dama Lígia Dias Fonseca apelou hoje aos partidos a assumirem o “compromisso urgente” com a igualdade de género, defendendo mais mulheres em posições elegíveis nas legislativas de 2026 e uma candidata à presidência da Assembleia Nacional.
O apelo consta de um manifesto divulgado esta terça-feira, no arranque dos “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas”, no qual a jurista, mãe e advogada de 62 anos afirma escrever movida pela “urgência e justiça” de ver mais mulheres nos espaços de tomada de decisão política do país.
“É tempo de os partidos políticos assumirem um compromisso real com a igualdade de género, designando mais mulheres para cargos elegíveis nas próximas eleições legislativas de 2026 e, sobretudo, apresentando candidatas para a presidência da Assembleia Nacional”, afirma.
Lígia Dias Fonseca sublinha que não basta incluir mulheres nas listas, defendendo que estas devem ser colocadas em posições verdadeiramente elegíveis, de forma a garantir uma representação feminina que espelhe a realidade social cabo-verdiana.
Para a ex-primeira-dama, a sub-representação das mulheres no parlamento “perpetua desigualdades estruturais” e impede o pleno funcionamento de uma democracia robusta.
No manifesto, lembra que a presidência da Assembleia Nacional foi exercida exclusivamente por homens desde a independência, o que considera um contrassenso num país onde “a mulher cabo-verdiana tem sabido sempre esculpir, na fina porcelana do nosso destino, um rosto da Nação”, citando palavras do ex-Presidente Jorge Carlos Fonseca.
A autora destaca que a representatividade feminina é uma necessidade social, não apenas um princípio democrático.
“Mulheres trazem experiências de vida, sensibilidades e prioridades que enriquecem o debate parlamentar e promovem justiça social”, sustenta.
A nível internacional, observa, são elas que têm liderado leis de protecção das vítimas de violência, educação para a igualdade e avanços em direitos fundamentais.
Lígia Fonseca reforça ainda que ter mais mulheres no parlamento é uma das estratégias mais eficazes para enfrentar a violência baseada no género, tema que, lembrou, voltou a ser sublinhado hoje pelo Presidente da República, José Maria Neves, ao classificar o fenómeno como “uma chaga que atravessa fronteiras, classes sociais e gerações”.
O manifesto lembra, por outro lado, que mulheres deputadas têm maior propensão para priorizar temas como assédio, violência doméstica, tráfico de pessoas e protecção das raparigas, promovendo respostas “mais eficazes e empáticas”.
Para além disso, diz, a presença de mulheres em cargos de poder tem impacto simbólico profundo, quebrando estigmas, inspirando novas gerações e desafiando o status quo.
A jurista apela aos partidos para assumirem publicamente o compromisso de transformar as suas listas de candidaturas, colocando mulheres em posições de destaque e liderança, e exorta as próprias mulheres políticas a reivindicarem o lugar que lhes pertence na estrutura de poder.
“Que as mulheres cabo-verdianas se juntem para garantir que a próxima presidente da Assembleia Nacional seja uma mulher, uma líder capaz de inspirar, proteger e transformar”, escreve.
O manifesto termina defendendo um parlamento “representativo, inclusivo e verdadeiramente democrático”, onde todas as vozes, especialmente as femininas, sejam ouvidas e respeitadas.
CM/JMV
Inforpress/Fim.
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